No interior de SP, 18 trabalhadores são resgatados de trabalho escravo
Grupo estava em fazenda de laranja que fornece para a Citrosuco. Trabalhadores estavam sem equipamentos de segurança, sem acesso a banheiro e sem pagamento
Por: Mariana Lima
Sem equipamentos de segurança, sem acesso a banheiro, sem pagamentos e com dívidas. Eram essas as condições precárias vividas por 18 trabalhadores resgatados em situação análoga à de escravo, na fazenda São Bento, em Lucianópolis, interior de São Paulo.
Grande produtora de laranja, a fazenda, de acordo com informações da fiscalização do governo, é fornecedora da empresa Citrosuco, uma das maiores exportadoras de suco de laranja do país.
Durante a operação da Auditoria Fiscal do trabalho, que foi iniciada em 8 de dezembro, os fiscais constataram que o grupo estava trabalhando havia oito dias sem registro e sem remuneração.
E, mesmo neste cenário, de acordo com os trabalhadores, já haviam contraído dívidas, pois tinham que pagar pela comida que consumiam.
A fazenda São Bento pertence a Valmi Blanco Machado, que atua há décadas no setor e comercializa com grandes empresas da laranja, além de ser também leiteiro.
Machado foi autuado por manter trabalhadores em situação análoga à de escravo e também por outras irregularidades trabalhistas, em um total de 30 autuações. Essa não foi a primeira vez que a Citrosuco se envolveu em denúncias de trabalho escravo.
Em 2018, a empresa integrou a lista suja do trabalho escravo, por autuação de 2013, quando 26 trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão em suas fazendas. A Citrosuco é fornecedora da Pepsi Co, uma das maiores empresas de alimentos e bebidas no mundo.
Em nota, a Citrosuco afirmou que “repudia veementemente quaisquer práticas de trabalho análogo ao de escravo em suas operações e perante seus fornecedores”. E ressaltou que “está apurando a situação em detalhes”.
De acordo com o auto da infração, os trabalhadores foram expostos a trabalho degradante e “a condições que claramente atentavam contra seus direitos humanos e a sua dignidade”.
Foram registradas irregularidades como “arregimentação por meio de fraude, engano, coação”, “induzimento do trabalhador a assinar documentos em branco, com informações inverídicas ou a respeito das quais o trabalhador não tenha entendimento devido” e “exploração da situação de vulnerabilidade de trabalhador para inserir condições abusivas”.
Ainda na fazenda, os auditores do trabalho, junto com a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho, encontraram três situações distintas: migrantes nordestinos atuando com registro, prestadores de serviços de um consórcio trabalhando de maneira irregular e o grupo resgatado por trabalho escravo.
Mesmo entre os trabalhadores registrados, contudo, havia irregularidades. Machado, o empregador, foi notificado a pagar R$ 72 mil de verbas rescisórias, incluindo indenizações por dano moral no valor de R$ 2 mil para cada vítima.
Ele firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho, responsabilizando-se por resolver as demais irregularidades encontradas em relação aos outros trabalhadores.
Fonte: Repórter Brasil
Em 25 anos, 55 mil pessoas foram resgatadas do trabalho escravo no Brasil
16/07/2021 @ 15:36
[…] Sem banheiro, pagamento ou equipamentos de segurança, mas com diversas dívidas por trabalho. Em dezembro de 2020, uma operação da Auditoria Fiscal do Trabalho encontrou um grupo de 18 trabalhadores em situação análoga à escravidão. […]