Novo documentário “DOAR” promove debate sobre cultura de doação
DOAR, filme produzido pela Deusdará Filmes com patrocínio da RD Saúde via Lei Federal de Incentivo à Cultura, será lançado em junho e contou com noite de pré-estreia no último dia 28 de maio, em São Paulo.
O poder transformador da doação tem sido evidente diante das enchentes que devastaram parte do Rio Grande do Sul. Milhões de reais foram arrecadados, e caminhões, aviões e carretas carregados de alimentos, água potável, colchões e purificadores foram enviados de todo o país para os gaúchos, mostrando a união da sociedade civil em tempos de emergência.
![](https://observatorio3setor.org.br/wp-content/uploads/2024/05/doar.jpg)
A doação é uma prática familiar aos brasileiros. Segundo a Pesquisa Doação Brasil, divulgada em agosto de 2023, 84% dos brasileiros acima de 18 anos participaram de algum tipo de doação em 2022. Contudo, existem muitas barreiras para que essas doações se tornem recorrentes e não apenas em momentos de crise.
Discutir a cultura de doação é crucial para pensar no que ocorre após a fase emergencial. As doações pontuais são vitais para os primeiros cuidados, mas as necessidades e desigualdades persistem, exigindo uma contribuição contínua. Como a sociedade pode contribuir de maneira constante para mudar essa realidade?
O documentário DOAR aborda essas questões e outras relacionadas à doação. Produzido pela Deusdará Filmes com patrocínio da RD Saúde via Lei Federal de Incentivo à Cultura, o filme narra histórias de pessoas cujas vidas foram transformadas por doações recorrentes que sustentam o trabalho das organizações da sociedade civil. Ele explora tanto a perspectiva de quem doa quanto a de quem recebe, destacando a necessidade de ampliar e qualificar o debate sobre a doação no Brasil.
O documentarista Sérgio Rizzo, diretor do filme, viajou pelo Brasil com sua equipe para captar uma diversidade de histórias de doadores e beneficiários da filantropia. As narrativas mostram o impacto significativo que mesmo pequenos atos de doação podem ter na vida das pessoas.
“Falar a respeito do impacto provocado pela cultura de doação é um dos muitos instrumentos que permitem chegar um pouquinho mais perto do país e das pessoas que o constroem diariamente. É um filme sobre o Brasil”, afirma o diretor.
Embora a solidariedade dos brasileiros seja evidente em momentos de tragédia, há obstáculos para a doação recorrente. Joana Ribeiro Mortari, uma das idealizadoras do filme e cofundadora do Movimento por uma Cultura de Doação, acredita que a doação depende menos da situação econômica e mais do entendimento sobre o impacto de cada real doado. À medida que a doação se torna um hábito constante, mais forte será a cultura de doação no Brasil.
“Uma cultura de doação perene acontece a partir de um processo de conscientização da população brasileira sobre a importância do papel do setor social, que é diferente e complementar ao do Estado. A importância do trabalho das organizações sociais no endereçamento dos desafios sociais brasileiros e defesa de causas, e de reconhecer a importância de cada um de nós no financiamento de uma sociedade civil forte e vibrante.”
Segundo o Movimento por uma Cultura de Doação, muitos brasileiros não doam por desconfiança nas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) ou por não compreenderem o papel dessas organizações na manutenção do equilíbrio democrático. Portanto, é fundamental aumentar a visibilidade de pessoas e organizações, como as retratadas no filme, para que mais doadores se sintam confiantes.
“Falar sobre doação no Brasil é de fato um tabu. Muitas pessoas no país consideram, por motivos variados, que não se deve falar sobre isso”, comenta o diretor do filme, que também é jornalista e professor. “Acredito que a simples existência do documentário favorece a discussão de temas que ainda não circulam como muitos de nós gostaríamos que circulassem”.
Graciela Hopstein, diretora executiva da Rede Comuá e uma das entrevistadas no documentário, explica que a filantropia pode fortalecer a sociedade civil e a democracia, complementando as ações dos órgãos públicos.
“O Estado realmente tem a capacidade de ser muito mais abrangente em termos de ações, estratégias e de públicos. Por isso, acho que a filantropia ocupa ou deve ocupar um papel muito importante na questão de apoio à sociedade civil, de tudo que tem a ver com acesso a direitos, inclusive em todas as ações de incidência”, destaca Graciela.
Para enfrentar os problemas estruturais e questões de injustiça social no Brasil, é necessário que o Estado, a sociedade e as empresas colaborem. Maria Izabel Toro, gerente executiva de Investimento Social da RD Saúde, patrocinadora do filme, acredita que as empresas podem ser poderosos agentes de transformação social.
“Acreditamos que as empresas podem ser um meio poderoso de transformação social. É por isso que a nossa estratégia de investimento privado apoia iniciativas que promovam a saúde dos brasileiros e, também, que fortaleçam a cultura de doação no país, como é o caso do DOAR, a fim de incentivar que mais e mais pessoas e empresas doem para quem precisa.”