O mistério da cidade que foi tomada pela epidemia do sono
Os moradores sofriam de crises de sono; boa parte da cidade dormia por dias e de maneira repentina. Nas escolas, crianças mal sustentavam a postura nas cadeiras, rapidamente dormindo sobre as mesas. Trabalhadores também eram afetados, perdendo dias de trabalho para o sono intenso.
No ano de 2015, a pequena cidade de Kalachi, no Cazaquistão, chamou a atenção da comunidade científica internacional por um fenômeno muito raro que acometeu os moradores ao longo de dois anos.
Os moradores sofriam de crises de sono; boa parte da cidade dormia por dias e de maneira repentina. Nas escolas, crianças mal sustentavam a postura nas cadeiras, rapidamente dormindo sobre as mesas. Trabalhadores também eram afetados, perdendo dias de trabalho para o sono intenso.
O fenômeno cercado por mistério ganhou várias suposições tenebrosas com base em episódios atribuídos a paranormalidade.
O caso tomou uma gravidade ainda maior quando os registros médicos aumentaram; oito pessoas ficaram internadas por três meses em um hospital local, chegando a perder a capacidade de sustentação em pé.
O auge, de acordo com o Fantástico, da TV Globo, em reportagem de 2015, foi registrado no inverno daquele ano, com 60 pessoas resgatadas por ambulâncias, todos espalhados por pontos da cidade no que chamou de “epidemia de sonolência” pelo motorista do veículo de emergência.
A resposta dos eventos surgiu quando o diretor de um hospital notou uma constante em uma análise cerebral de crianças atendidas: pequenos edemas cerebrais.
Ao questionar o histórico das crianças, notou que algumas delas passaram próximas ou até entraram para brincar em uma mina abandonada. Ao revisar o histórico da localidade, descobriram que, ainda na época em que o lugar compunha a União Soviética, o local era centro de extração de urânio, um elemento químico radioativo usado para produzir energia atômica. Contudo, quando manipulado sem equipamentos de segurança, o material é extremamente nocivo à saúde.
Apesar de fechada em 1980, a mina abandonada ainda contava com níveis de radiação alarmante, contando com relatos de cheiro forte e adocicado partindo da mina.
Pesquisadores buscaram, então, descobrir como ocorreu a desativação do local. Ao fechar, a mina foi inundada para ficar inacessível a pé, mas as estruturas de madeira que sustentavam uma estrutura subterrânea acabou encharcando e apodrecendo, liberando uma série de gases durante o processo de decomposição.
Tamanha a quantidade deles que, quando dispersos sobre o vilarejo, chegam a abaixar o nível de oxigênio no ar. Pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças, sofrem com a queda do oxigênio em relação a produção de monóxido de carbono no sangue, causando tontura.
Como forma de evitar danos maiores, o cérebro ativa uma espécie de estado de emergência, desacelerando o metabolismo e induzindo a sonolência e, enfim, explicando a tal “doença do sono”.
A recomendação foi de deixar áreas mais próximas a mina, sendo parcialmente aceita por moradores — e rejeitada por outros, que não fizeram questão de abandonar a área. Os moradores que seguiram as recomendações finalmente conseguiram ficar acordados e retomaram suas vidas.
Fonte: Aventuras na História/ UOL