Professora atua no combate à violência contra mulheres surdas
Formada em Letras e Direito, Laiza Rebouças criou um canal no Youtube com orientações jurídicas em Libras e direciona boa parte do conteúdo para mulheres surdas vítimas de violência
Por: Mariana Lima
Denunciar a violência sofrida no isolamento social está sendo difícil para muitas mulheres confinadas com seus agressores. A questão se complica ainda quando essas mulheres vítimas de violência são surdas.
Laiza Rebouças é professora com formação em letras e direito no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS Wilson Lins), em Salvador (BA), e sabe dos obstáculos com que as mulheres surdas precisam lidar.
Entre os problemas recorrentes está a questão da acessibilidade nas instituições públicas, uma vez que essas mulheres possuem uma linguagem própria e, por vezes, faltam profissionais acolhedores ou com o mínimo domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
E Laiza entende o cenário. Além de lidar diariamente com essas mulheres em sala de aula, ela também é surda e, fora do expediente, milita pelos direitos dessas mulheres, o que, no passado, acreditava ser incompatível com a sua condição.
Foi aos 16 anos que Laiza recebeu o diagnóstico. Ainda menina, mal se comunicava. Foi por esforço próprio e com a ajuda de pessoas surdas que, por volta dessa idade, aprendeu e ficou fluente em Libras.
Mesmo com as dificuldades para concluir a graduação, em 2012 ela conseguiu se formar por uma universidade federal e, em 2017, concluiu a segunda graduação, desta vez em direito.
Após muita persistência, Laiza conseguiu um emprego como professora e, em 2019, teve a ideia de criar um canal de orientações jurídicas em Libras no YouTube e em redes sociais como Instagram e Facebook.
O JusLibras, ou Justiça em Libras, embora não seja exclusivamente voltado para mulheres surdas, aborda e responde em vídeos muitas questões de interesse delas. Um dos principais tópicos tem sido a violência doméstica.
De acordo com Laiza, toda semana pelo menos três mulheres surdas a procuram. Dependendo da abertura que dão, Laiza inicia uma conversa por WhatsApp ou e-mail para passar orientações e direcioná-las para o melhor caminho na busca pelos direitos delas.
A professora ainda é membro ativo de vários grupos na internet direcionados para pessoas surdas e que debatem temas como feminismo e diversidade racial e sexual, e também ministra palestras sobre direitos da mulher e violência para surdos.
Fonte: Universa – UOL
Luciano
27/12/2020 @ 13:38
Muito importante esse tema. Já vi de mais minha irmã que surda ser espancada por namorados, quando eu era criança hj não mais depois que agente consegue conversar com alguns.
Priscilla Moreira
11/01/2021 @ 12:37
Parabéns pela iniciativa e importância do seu canal para a comunidade brasileira!!!
Violência contra a mulher: Brasil registra 105 mil denúncias em um ano
07/07/2021 @ 14:55
[…] A violência contra a mulher sempre foi um problema grave no Brasil e, com a pandemia, a situação ficou ainda pior. Muitas mulheres passaram a conviver mais tempo com seus agressores, devido ao distanciamento social, e o número de agressões dobrou. […]