Real: Brasil tem a moeda com pior desempenho do mundo em 2020
O real foi a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar em 2020. Entre motivos para isso estão a falta de clareza de um plano para solucionar a situação fiscal do Brasil, taxas de juros menores e crise ambiental
O Brasil tem a moeda com o pior desempenho do mundo em 2020. O real foi a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar em 2020. A moeda americana acumula uma alta de 40% comparada à brasileira no ano, maior diferença em uma lista de 30 países, segundo dados da Reuters.
Para economistas consultados pelo G1, são quatro os principais fatores que explicam a aceleração do dólar: não há clareza de um plano para solucionar a situação fiscal do Brasil, há falta de perspectivas de crescimento, menores taxas de juros tornam menos atraente o investimento no Brasil e a crise ambiental também afasta os interessados em investir no país.
Houve uma saída recorde de investimentos estrangeiros do país em 2020. Mas o que consolidou a última onda de desvalorização cambial foi o financiamento proposto para o programa Renda Cidadã, explicam os especialistas.
O uso de verba destinada a pagar precatórios e o redirecionamento de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para financiar o novo programa social, como foi anunciado pelo governo nesta semana, geraram uma fuga de dólares ao indicar um aumento de gastos disfarçado.
Precatórios são dívidas que o governo é obrigado judicialmente a pagar. Um atraso de quitação de parte desses débitos foi encarado pelo mercado financeiro como empurrão de dívidas sem resolvê-las. O dinheiro do Fundeb, por sua vez, é demarcado fora do teto de gastos. Essa solução encontrada pelo governo fez ressurgir o termo “contabilidade criativa”.
Diante da repercussão negativa, o governo recuou. Na última quarta-feira (30/09), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que recursos de precatórios não serão usados no Renda Cidadã. Não bastou para evitar que a moeda terminasse setembro com alta de 2,5%.
Fonte: G1