Relatório do Instituto Vladimir Herzog denuncia violência contra jornalistas na Amazônia

Direitos Humanos
Compartilhar

Em meio às ameaças, agressões e até mesmo assassinatos de profissionais da imprensa, relatório “Fronteiras da Informação”, do Instituto Vladimir Herzog, traz dados sobre a violência contra jornalistas na Amazônia.

Foto: Polícia Federal | Agência Brasil

Por Redação

Nesta sexta-feira (03/05), comemoramos o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa; neste ano foco recai sobre a importância do jornalismo e da liberdade de expressão em meio à crise ambiental global. A Unesco lidera as atividades globais, destacando como o jornalismo desempenha um papel fundamental na divulgação de questões ambientais e na defesa da democracia. A data serve como um lembrete dos desafios enfrentados pelos profissionais da mídia em todo o mundo.

No contexto brasileiro, o Instituto Vladimir Herzog traz à tona um relatório sobre a violência contra jornalistas na Amazônia, intitulado Fronteiras da Informação – acesse aqui. Em um ambiente onde dar voz às comunidades pode exigir dias em barcos e colocar a vida em risco, o trabalho dos comunicadores se torna uma batalha diária pela liberdade de expressão.

“O Instituto Vladimir Herzog acredita que não há democracia sem uma imprensa verdadeiramente livre, protegida e capaz de produzir análises e informações de interesse público. Mais do que isso, acreditamos que o papel desempenhado por jornalistas e comunicadores/as é absolutamente fundamental para que a sociedade, como um todo, possa avançar na conquista e na garantia de direitos. No que diz respeito à Amazônia, essa é uma tarefa ainda mais desafiadora e urgente”, diz Rogério Sottili, Diretor-executivo do Instituto na introdução do relatório.

Os números são contundentes: nos últimos 10 anos, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou 230 casos de violência contra jornalistas nos estados da Amazônia Legal, com o Pará liderando as estatísticas. A vastidão e a complexidade da região, aliadas aos interesses econômicos conflitantes criam um ambiente propício para ameaças, agressões e até mesmo assassinatos de profissionais da imprensa.

Após denunciar madeireiros ilegais no oeste paraense, em setembro de 2023, o comunicador popular Darlon Neres teve que se afastar da sua comunidade em Santarém por três meses e chegou a ter escolta policial. “Recebi ameaças por meio de conhecidos. Fui informado sobre pessoas que estavam circulando na região do assentamento mostrando a minha foto. Depois também recebi áudios em redes sociais”, explica em trecho do documento.

Diante desse cenário, o governo brasileiro tomou medidas importantes, como a criação do Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Este observatório, em parceria com entidades da sociedade civil, busca centralizar as denúncias de violência e proporcionar proteção aos comunicadores ameaçados.

Além disso, o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH) acompanha casos de ameaças e violência em todo o Brasil, com foco especial na Amazônia. No entanto, a subnotificação e a falta de programas de proteção em alguns estados ainda representam desafios significativos.

A conexão entre o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU é clara. A liberdade de imprensa e a proteção dos jornalistas são fundamentais para o cumprimento de vários ODS, incluindo o ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes), destacando a importância de um jornalismo livre e seguro na construção de um mundo mais justo e sustentável.

O  Instituto Vladimir Herzog (IVH) é uma organização sem fins lucrativos que atua na luta pela democracia, dos direitos humanos e liberdade de expressão. O Instituto atua em três frentes de atuação, sendo elas a educação em direitos humanos, jornalismo e liberdade de expressão e memória, verdade e justiça.


Compartilhar