Relatório mostra que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo
Estudo analisou mais de 100 países e aponta o Brasil como um dos mais desiguais do mundo e o segundo mais desigual do G20. Relatório avaliou desigualdade social e de renda
O Brasil ainda é um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo, segundo um novo estudo lançado mundialmente pelo World Inequality Lab (Laboratório das Desigualdades Mundiais).
O laboratório integra a Escola de Economia de Paris e é codirigido pelo economista francês Thomas Piketty, autor do best-seller ‘O Capital no Século 21’, entre outros livros sobre o tema.
O novo ‘Relatório sobre as Desigualdades Mundiais’ é o segundo realizado desde 2018 e teve a colaboração de cerca de uma centena de pesquisadores internacionais.
O documento de mais de 200 páginas inclui análise sobre o impacto da pandemia de covid-19, que exacerbou o aumento da fatia dos bilionários no total da riqueza global. Pela primeira vez o estudo inclui dados sobre as desigualdades de gênero e ecológicas (a pegada de carbono entre países ricos e pobres, mas também entre as categorias de renda).
O estudo se refere ao Brasil como “um dos países mais desiguais do mundo” e diz que a discrepância de renda no país “é marcada por níveis extremos há muito tempo”.
O texto afirma que as diferenças salariais no país foram reduzidas desde 2000, graças, sobretudo, à política de transferência de renda do Bolsa Família e ao aumento do salário mínimo. Ao mesmo tempo, os níveis extremos de desigualdade patrimonial no país continuaram aumentando desde meados dos anos 90.
A metade da população brasileira mais pobre só ganha 10% do total da renda nacional. Na prática, isso significa que os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que recebem os 10% mais ricos no Brasil. Na França, essa proporção é de apenas 7 vezes.
“O Bolsa Família conseguiu reduzir uma parte das desigualdades nas camadas mais pobres da população”, diz Lucas Chancel, principal autor do relatório e codiretor do Laboratório das Desigualdades Mundiais. Mas, em razão da falta de uma reforma tributária aprofundada, além da agrária, a desigualdade de renda no Brasil “permaneceu virtualmente inalterada”, já que a discrepância se mantém em patamares muito elevados, aponta o estudo.
“Entre os mais de 100 países analisados no relatório, o Brasil é um dos mais desiguais. Após a África do Sul, é o segundo com maiores desigualdades entre os membros do G20″, disse à BBC News Brasil Lucas Chancel.
Fonte: El País