Um ativista é morto a cada oito dias no Brasil, diz relatório da ONU

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Entre 2015 e 2019, 174 ativistas brasileiros foram assassinados. Número representa mais de 10% de todos os casos registrados pela ONU no período

Defensores dos Direitos Humanos assassinados
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Por: Mariana Lima

De acordo com um levantamento do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, 174 ativistas brasileiros foram executados entre 2015 e 2019.

Com este número o Brasil ocupa a segunda posição no ranking geral, superando a situação nas Filipinas, com 173 assassinatos. O Brasil só fica atrás da Colômbia, que soma 397 assassinados em meio a uma crise entre paramilitares, governo e ex-guerrilheiros.

De modo geral, os dados revelam que um ativista brasileiro foi morto a cada oito dias e que o país é responsável por mais de 10% de todos os assassinatos desses indivíduos no mundo ao longo do período avaliado.

O documento ainda revela que a entidade registrou, no mundo, 1.323 mortes de defensores dos direitos humanos. No total, foram 45 lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e defensores intersexuais mortos entre 2015 e 2019.

Neste período, a região da América Latina e do Caribe registrou o maior número de defensores assassinados, com 993 do total de 1.323 mortos registrados.

De acordo com a ONU, 2019 foi o ano mais violento do período analisado, com 281 assassinatos pelo mundo. A entidade ressalta que existe um problema profundo de subnotificação e que o número real pode ser ainda maior.

É destacado que alguns defensores dos direitos humanos que atuam em questões especificas parecem ser particularmente vulneráveis a ataques, como os ambientalistas.

Em 2019, uma em cada duas vítimas de assassinatos estava trabalhando com comunidades em torno de questões de terra, meio ambiente, impactos das atividades comerciais, pobreza e direitos dos povos indígenas, afrodescendentes e outras minorias.

Também é destacada a falta de proteção do Estado às lideranças comunitárias ameaçadas, apesar de haver programas que visam garantir a vida desses defensores de direitos humanos.

Como exemplo, o documento cita o caso do cacique Babau, no Brasil. Em 29 de janeiro, o líder indígena recebeu informações de uma fonte confidencial sobre um plano para assassiná-lo junto com outros quatro parentes.

Mesmo tendo sido incluído formalmente no programa do governo para a proteção dos defensores dos direitos humanos, ele ainda enfrenta ameaças severas e nenhuma investigação foi aberta sobre as supostas ameaças de assassinato.

Fonte: Coluna de Jamil Chade no UOL


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