A 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou um novo panorama da violência sexual contra mulheres e meninas no país. Ao todo, em 2018 foram registrados 66.041 casos de estupro – o maior índice registrado.
São 180 estupros por dia, dos quais 81,8% das vítimas são mulheres e 53,8% tinham menos de 13 anos quando ocorreu o crime. Isso significa que o Brasil registra uma média de 4 estupros por hora contra meninas de até 13 anos.
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), obtidos pela Folha de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação, apontam o registro de 145 mil casos de violência contra a mulher só em 2018, excluindo os casos em que as mulheres não sobreviveram.
A reportagem analisou 1,4 milhão de notificações recebidas entre 2014 e 2018, e revela que houve um aumento de 53% nos registros de violência sexual no período. Neste tipo de violência, 7 em cada 10 vítimas são crianças e adolescentes.
Para falar sobre violência sexual contra mulheres, no Olhar da Cidadania do dia 30 de outubro, recebemos Amarílis Regina Costa da Silva, advogada, ativista de Direitos Humanos, cofundadora do Projeto Preta e Acadêmica, que liga mais de 270 mil mulheres negras em todo o planeta, e membra executiva da Comissão da Mulher Advogada, de Igualdade Racial, de Política Criminal e Penitenciária da OAB-SP; e Cristião Rosas, médico especialista em ginecologia e obstetrícia, militante para a Consolidação dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, integrante da Comissão Nacional de Violência Sexual e Interrupção da Gravidez prevista em Lei, e coordenador da Rede Médica Pelo Direito de Decidir.
Entre os assuntos abordados estão: dados sobre a violência sexual; mulheres periféricas como as principais vítimas; objetificação de corpos vulneráveis; razões sociais por trás da violência; ideologia de gênero; o papel da escola no combate à violência; lei Maria de Penha; crimes de importunação sexual; a subnotificação da violência; o medo da denúncia; acesso ao aborto legal; omissão dos hospitais; violência no ambiente familiar; casas de acolhimento; proteção para a população trans; cultura do estupro; e o desrespeito à mulher na sociedade.
O programa também contou com a participação dos colunistas Christian Dunker, psicanalista e professor titular da USP, que falou sobre os limites da privacidade na sociedade; e Marcos Perez, professor da Faculdade de Direito da USP, que falou sobre o decreto 10.046 e o controle dos dados da população brasileira.
O programa foi apresentado pelo jornalista Joel Scala.
Olhar da Cidadania na Rádio USP
Todas as quartas-feiras, às 17h
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Foto: Molly Belle (Unsplash)