Brasil é criticado por exportar bombas que mataram crianças no Iêmen
O Brasil foi criticado em um relatório internacional de direitos humanos da ONG Human Rights Watch por fabricar e exportar bombas cluster que mataram e feriram dezenas de pessoas, incluindo crianças, no Iêmen.
As ações militares lideradas pela Arábia Saudita com uso dessas bombas aconteceram no final de 2016 e em fevereiro de 2017. As bombas atingiram os arredores de duas escolas e uma zona rural iemenita.
As bombas cluster (ou munições de fragmentação) são armas que, quando disparadas, se abrem e dispersam. Assim, criam centenas de munições menores, ampliando seu poder de alcance e atingindo uma área equivalente a diversos campos de futebol, segundo a Coalizão Contra Munições Cluster.
De acordo com dados da mesma coalizão, 90% das pessoas atingidas por esse tipo de bomba são civis. Além disso, 40% dos atingidos são crianças.
As bombas cluster são proibidas por um tratado internacional de 2008, que tem a adesão de 102 países. O Brasil, no entanto, não assinou o acordo.
Um dos mais importantes produtores de munições cluster do mundo, o Brasil é o único país da América Latina que lida com o armamento. Outros grandes produtores são China, Egito, Índia, Israel, Coreia do Sul, Rússia e Estados Unidos. Nenhum deles assinou a convenção. E, para piorar, em 2013, o Brasil passou a dar incentivos fiscais à produção de bombas de fragmentação em solo nacional.
“O uso dessa munição foi documentado 18 vezes no Iêmen e, em duas delas, analistas constataram que a procedência das armas era brasileira”, disse à BBC Brasil Maria Laura Canineu, diretora brasileira da Human Rights Watch.
O Itamaraty alegou em resposta que os países que assinaram o tratado o fizeram sem buscar consenso e deixando abertas brechas para suas próprias armas, de tecnologias mais sofisticadas.
Brasil tem incentivo fiscal para bomba conhecida por matar civis
23/01/2018 @ 13:00
[…] o Brasil foi criticado por fabricar e exportar bombas cluster, conhecidas por na maioria das vezes (90%) matarem civis, […]