Assédio nas redes sociais cresceu 26.000%, aponta Instituto Avon
As pessoas que mais postam comentários de ódio são homens brancos, jovens, das classes sociais A e B
Por: Isabela Alves
O debate sobre as violências contra as mulheres se intensificou muito no ambiente digital entre 2015 e 2017. Somente no ano passado, ele foi o 26° assunto mais discutido nas redes sociais, segundo mostra o relatório “A Voz das Redes: O que elas podem fazer pelo enfrentamento das violências contra as mulheres”, divulgado pelo Instituto Avon no dia 8 de março.
O documento também mostrou que as menções relacionadas a assuntos de assédio e violência contra a mulher cresceram 324% desde janeiro de 2015 e que o assédio virtual (cyberbullying) cresceu 26.000% entre 2015 e 2017. Com o aumento da violência na internet, o Instituto realizou o relatório com o intuito de facilitar o acesso à informação, dar apoio para quem pede ajuda e orientar sobre como lidar com essa situação.
“Há 15 anos, o Instituto Avon se dedica a produzir conhecimento para divulgar como podemos enfrentar a violência contra a mulher. É importante também que possamos ir além das estatísticas e nunca perder de vista as histórias de vida que dão sentido a essa causa”, destaca a gerente sênior do Instituto Avon, Daniela Grelin.
A pesquisa
As informações foram coletadas por meio das redes sociais Facebook, Twitter e Instagram. No total, foram encontrados 14 milhões de menções relacionadas ao assunto de assédio, violência contra mulher e termos variados.
A pesquisa mostrou que a internet tem sido um espaço onde as mulheres podem encontrar conforto e podem partilhar suas experiências, mas também é uma plataforma onde muitas delas sofrem diferentes tipos de violência. O cyberbullying pode atingir a todas, independentemente da classe social, raça e nível educacional.
Entre os maiores desabafos no meio social, a violência física é a mais expressiva (23%). O assédio moral (22%) é o segundo maior relato, seguido do assédio sexual (20%). No assédio virtual, o envio de foto íntima é o mais recorrente. Entre as plataformas onde mais se discute o assunto sobre a violência contra a mulher, o Facebook está em primeiro lugar com 41%, seguido do Twitter (16%), Instagram (9%) e Whatsapp (7%).
O relatório também mostrou que existem três universos discutindo o assédio e a violência. 95% são as discussões gerais, 2% as ativistas e 3% são as vítimas. Um fato importante é que o ativismo de mulheres nas redes sociais está em evidência e cresceu em 500%. As ativistas da causa são o elo entre as discussões gerais e as vítimas, pois são as responsáveis pelo alcance, seja positivo ou negativo, das campanhas e hashtags.
O estudo também analisou a maneira como os homens se inserem no debate. 33% dos homens agem de forma agressiva, 26% minimizam o relato ou questionam a palavra da mulher, 19% argumentam, 6% apoiam o debate e 4% pacificam. Os perfis dos chamados “haters”, pessoas que postam comentários de ódio ou crítica, nas redes sociais, em sua maioria são de homens (96%), brancos (79%), de idade entre 18 e 34 anos (86%) e de classes sociais A e B (53%).
Campanhas da ONU Mulheres
O evento também abordou a questão da importância das campanhas de assédio no carnaval, data que é reconhecida como a maior festa popular do mundo. Em 2018, a ONU Mulheres foi responsável pela maior ação contra o assédio no carnaval, através das campanhas “Respeita as Minas” e “Carnaval Sem Assédio”. Para Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil, “essas campanhas que pregam o respeito de gênero são essenciais para ressaltar a importância dos limites entre a paquera e o assédio”.
Neste ano, o Instituto Avon em parceria com a ONU Mulheres produziu a websérie “Quando Existe Voz”, campanha que incentiva que as mulheres vítimas de violência falem sobre o assunto. Os vídeos abordaram temas de violência moral, violência psicológica e violência patrimonial, e trouxeram relatos de personalidades influentes no Brasil, como a atriz e embaixadora do Instituto Avon, Luiza Brunet, que já passou por situações de violência; a educadora social Bel Santos, que desde os 14 anos trabalha em projetos sociais; e as cantoras Carol e Vitoria, que tiveram reconhecimento por conta do seu canal no Youtube, que trata de assuntos sobre empoderamento feminino.
Narel Caroline Pereira
01/04/2020 @ 20:57
Boa noite! Estou fazendo um tcc sobre assédio moral nas redes sociasis. Teria algum lugar para ter acesso a essa pesquisa?