Com isolamento, relatos de brigas de casais crescem 431%
Estudo analisou mais de 52 mil menções no Twitter, e pelo menos 5 mil indicavam violência contra mulheres desde o início do isolamento para conter avanço do novo coronavírus
Por: Mariana Lima
Um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FSBP) junto à empresa de pesquisas Decode Pulse revelou que os relatos de terceiros sobre brigas de casais aumentaram 431% após o início do isolamento social para combater o avanço do novo coronavírus.
Para a realização do levantamento foram analisadas 52.315 menções no Twitter, entre as quais 5.583 apontavam para a ocorrência de violência doméstica contra mulheres.
Nas últimas semanas, diversos estudos vêm mostrando como as violências física e sexual estão aumentando durante o isolamento, e como a pandemia afeta mais severamente as mulheres em uma série de questões, como perda do emprego.
O estudo realizado pelo FBSP verificou que, além do aumento das mensagens na rede social, 25% dos relatos foram publicados às sextas-feiras; 53% foram registrados à noite ou durante a madrugada, entre 20h e 3h da manhã; e 67% dos relatos foram feitos por mulheres.
Denúncias
Outro aspecto analisado pelo estudo foi a questão na denúncia da violência. De acordo com o levantamento, as vítimas confinadas em casa estão com dificuldades para denunciar seus agressores, pois, na maioria das vezes, são casos de lesões dolosas que demandam a presença física das vítimas para registrar o boletim de ocorrência (BO).
Foram levantados os números dos BOs em cinco estados, revelando que somente no Rio Grade do Norte houve um aumento neste registro (+34%). Entre março do ano passado e março de 2020, as denúncias de violência doméstica caíram no Ceará (-29,1%); Acre (-28,6%); Mato Grosso (-21,9%); e Rio Grande do Sul (-9,4%).
Homicídios e feminídios aumentam
A análise também se estendeu para os feminicídios e homicídios de mulheres, utilizando dados fornecidos pelas secretarias estaduais de segurança de São Paulo, Pará, Acre, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Norte, em uma comparação entre março de 2019 e março deste ano.
Os resultados apontaram para uma ascensão da violência doméstica e familiar. Em Mato Grosso, os registros de feminicídio foram de 2 em março de 2019 para 10 em março de 2020, representando um aumento de 400%.
São Paulo registrou um aumento de 46,2% nos casos de feminicídio, indo de 13 para 19. Em relação aos casos de homicídio no estado, foram de 38 para 41, crescimento de 7,9%.
No Rio Grande do Sul, de acordo com a secretaria de segurança, os números mantiveram-se estáveis. Já no Rio Grande do Norte saltaram de 1 para 4 casos.
No Pará, o mês de março se manteve estável. No entanto, o primeiro trimestre teve um aumento de 185%, passando de 7 para 20 vítimas de feminicídio em comparação com o mesmo período de 2019. O Acre registrou uma diminuição nos homicídios de mulheres, e uma alta no casos de feminicído que passaram de 1 para 2.
O estudo completo pode ser acessado clicando aqui.
Fonte: G1