Sudão torna crime a prática de mutilação genital feminina
A pena é de três anos. ONU afirma que, desde 2014, 86,6% das mulheres do Sudão tinham sido vítimas do ato
Por: Isabela Alves
Em decisão histórica, o governo do Sudão aprovou uma lei que torna crime a prática de mutilação genital feminina. A medida foi aprovada pelos Conselhos Soberano e Ministerial em 22 de abril, e a pena para aqueles que praticarem o ato será de até 3 anos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que o Sudão é um dos países com a maior prevalência desta prática. Desde 2014, 86,6% das mulheres do país tinham sido vítimas do ato.
Contudo, a instituição ressalta que a legislação não é suficiente para acabar com a prática, já que ela está enraizada nas tradições culturais e crenças religiosas antigas. Para muitos, a mutilação genital é vista como um rito de passagem para grupos que professam fés diversas.
No Sudão, as mulheres sofrem com a mutilação genital extrema, que remove os grandes e pequenos lábios e o clitóris. Depois, a região é costurada, o que pode levar a cistos, relações sexuais extremamente dolorosas e também as impede de ter prazer.
A mutilação genital no mundo
A mutilação genital feminina é o corte ou a remoção deliberada da genitália feminina externa, e a prática envolve a remoção ou o corte dos lábios e do clitóris. O ato, além de causar dor e sofrimento, pode causar a morte dessas jovens por hemorragias e infecção.
A Organização das Nações Unidas alerta que se os países não acelerarem os esforços pelo fim da prática, até 2030, 68 milhões de meninas e mulheres poderão ser mutiladas. A cada ano, cerca de 4 milhões de meninas são sujeitas ao ato no mundo.
Estima-se que a mutilação genital feminina ainda ocorra em comunidades de 28 países da África — Benim, Burkina Faso, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Djibuti, Egito, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Quênia, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Tanzânia, Togo, Uganda e Zâmbia.
Fontes: Hypeness, Globo e ONU News