Pela primeira vez desde 1990, Índice de Desenvolvimento Humano cai
A pandemia está afetando diretamente os indicadores usados para medir o Índice de Desenvolvimento Humano dos países: saúde, educação e renda. Países mais pobres serão os mais afetados
Por: Mariana Lima
Em 2020, pela primeira vez desde 1990, ao invés dos pequenos progressos mundiais que vinham sendo observados, o mundo retrocederá. Essa foi a advertência divulgada pelo Programa nas Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), responsável há três décadas pela elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Apesar de o mundo ter passado por outras crises, como a financeira de 2008, o cenário apresentado pela Covid-19 é único, impactando em cheio e de forma simultânea os elementos que são utilizados para medir o desenvolvimento humano: saúde, educação e renda das pessoas.
Esse impacto, de acordo com o que foi apontado pelo PNUD, não apenas fará o mundo retroceder, mas também causará uma alteração significativa, equivalente às variações de seis anos de progresso.
Os três pontos centrais utilizados para quantificar o IDH dos países já experimentaram retrocessos após o início da crise, tanto em países pobres como nas regiões mais ricas. No entanto, a previsão do PNUD indica que os retrocessos serão desiguais, com os países menos desenvolvidos sentindo os maiores impactos.
Os efeitos na saúde, por exemplo, já podem ser observados. Até o momento, mais de seis milhões de pessoas no mundo foram infectadas pela Covid-19, com mais de 380 mil mortes causadas pela doença, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além deste quadro, as medidas de confinamento e o desvio de recursos da saúde para o combate ao novo coronavírus terão efeitos negativos.
A educação é outra esfera que será duramente impactada com o fechamento das escolas, afetando entre 1,4 e 1,5 bilhão de crianças pelo mundo. De acordo com dados do PNUD, 60% das crianças com idade para estarem cursando o ensino fundamental não estão recebendo nenhuma educação.
Para efeito de comparação dos impactos deste cenário sobre a vida de crianças que residem em países mais pobres, 86% das que estão no ensino fundamental estão fora da escola em países com baixo desenvolvimento humano, contra 20% nos países que estão no topo da lista.
O último aspecto a ser analisado é a renda das famílias e sua qualidade de vida. A recessão econômica, que o Banco Mundial calcula em uma queda de quase 5% do PIB mundial neste ano, e a perda de empregos atingem o progresso e a luta contra a pobreza extrema, na qual 60 milhões de indivíduos poderiam cair, além dos 736 milhões que já vivem com menos de 1,90 dólar por dia.
Fonte: El País