Sobreviventes de sequestro do Boko Haram, estudantes enfrentam pandemia
Em abril de 2014, 276 meninas foram sequestradas pelo Boko Haram em Chibok, na Nigéria. Nenhuma conseguiu deixar o cativeiro em menos de dois anos. Agora, as sobreviventes enfrentam a pandemia de Covid-19 e um novo crescimento do terrorismo no país
Por: Mariana Lima
Nos últimos anos, no mês de maio, houve uma festa no nordeste da Nigéria para comemorar o aniversário de libertação de mais de 100 jovens que estavam presas em cativeiro. Ao todo, 276 meninas foram sequestradas em 2014 enquanto estavam em seus dormitórios em um colégio interno, no vilarejo Chibok, pelo grupo extremista Boko Haram. Elas acabaram ficando conhecidas como as “meninas de Chibok”.
Neste momento do ano, as sobreviventes deveriam estar frequentando um curso preparatório para o ensino superior no campus da Universidade Americana da Nigéria (AUN), na cidade de Yola. No entanto, elas estão em seus vilarejos devido à necessidade do isolamento para combater o novo coronavírus.
O avanço da Covid-19 pela Nigéria vem colocando as jovens estudantes em circunstâncias desfavoráveis, uma vez que os ataques de militantes do Boko Haram vêm aumentando junto com os casos da doença.
Ao final do mês de março, a AUN precisou paralisar as atividades presenciais e retirar todos os alunos e professores da instituição em apenas três dias. Boa parte dos alunos da universidade está conseguindo acompanhar as aulas e realizar as provas finais pela internet, mas não as alunas de Chibok, que vivem em aldeias remotas com pouca conectividade. No entanto, elas foram mandadas para casa com tarefas e projetos para mantê-las com o estudo em dia.
Apesar de nenhum caso de Covid-19 ter sido registrado na região nordeste do país, a universidade optou por mandar os alunos para casa, devido à falta de estrutura do sistema de saúde nigeriano para a realização de testes e tratamentos em larga escala.
Enquanto o país foca no combate ao novo coronavírus, os ataques dos militantes do Boko Haram se tornam mais frequentes e mais abertos pelo país. No final de março, cerca de 50 soldados foram mortos em uma emboscada do grupo no estado de Yobe, não muito distante de onde as garotas de Chibok estão vivendo.
Outros ataques, agora nas estradas, foram registados em abril para atrapalhar o trasporte de suprimentos e tratamentos médicos para unidades de tratamento
A meta atual é aguardar a volta ao normal na Nigéria para que o Dia da Libertação possa ser comemorado novamente. Para as alunas, a pandemia é mais um obstaculo para o acesso à educação.
Fonte: National Geographic Brasil