No mundo, 55% das crianças temem nunca mais voltar para a escola
Pesquisa entrevistou virtualmente mais de 4 mil crianças entre 9 e 13 anos ao longo do mês de abril, época em que maioria dos países enfrentava o pico da pandemia
Por: Mariana Lima
De acordo com o estudo ‘Crianças, Mídia e Covid-19’, produzido pelo Instituto Central Internacional de Televisão para Juventude e Educação, 55% das crianças de 42 países – incluindo o Brasil – temem nunca mais poder retornar à escola devido à pandemia.
O resultado da pesquisa foi divulgado no Prix Jeunesse Internacional, festival organizado pela Alemanha para premiar as melhores produções audiovisuais para crianças e jovens, que colaborou com a produção do estudo.
O evento foi realizado online e focou no papel da mídia entre o público infantil em meio à crise do coronavírus. Para a realização do estudo foram entrevistadas virtualmente 4.322 crianças entre 9 e 13 anos, em abril, quando a maior parte dos países pesquisados estava passando pelo pico da contaminação.
A pesquisa buscou analisar as emoções, o conhecimento sobre o vírus, a relação com os meio eletrônicos durante o confinamento e as estratégias para a redução do estresse em meio à quarentena.
Com base nas respostas obtidas, a pesquisa revela que os maiores medos são o de que algum familiar fique doente e não poder visitar os avós por um longo período. Esses dois pontos são recorrentes para 83% dos entrevistados.
Outras preocupações dos menores entrevistados incluem o cancelamento de festas e planos de férias (75%), o medo de que amigos fiquem doentes (71%) e que elas próprias adoeçam (60%).
A preocupação com os animais de estimação também é apontada pela pesquisa, sendo que 38% dos entrevistados temem pelos seus animais.
Entre as preocupações apontadas na pesquisa estão a perda do conteúdo escolar (62%), enquanto 59% se mostram apreensivos com o tédio durante o isolamento. O estudo também revela que essas preocupações se ampliam em países mais pobres.
Países da África subsaariana concentram o maior número de crianças “muitos assustadas”, com 43% das respostas. A América Latina e o Caribe apresentam um índice de 32%. Já em países da Europa o índice não passa dos 10%, sendo baixo também na América do Norte (9%).
A variação entre diversos países no mundo chega a ser gritante. Por exemplo, enquanto a Áustria apresenta apenas 2%, a Tanzânia tem um índice de 75%.
No Brasil, a coleta de dados foi feita por meio da coordenação do Midiativa (Centro Brasileiro de Mídias para Crianças e Adolescentes), associação sem fins lucrativos que é parceira do festival. De acordo com o estudo, 75% das crianças brasileiras percebem que os pais estão muito preocupados com a pandemia.
O estudo busca alertar que crianças mais bem-informadas sentem menos medo e que 65% delas gostariam que canais e programas infantis dessem informações sobre a Covid-19.
Fonte: Folha de S. Paulo