No Brasil, 74% das OSCs estimam redução de recursos em 2020
Estudo inédito revela os impactos da pandemia nas OSCs. Pesquisa ainda indica que 86% pretendem manter os serviços para as populações afetadas pela Covid-19
Por: Mariana Lima
Coordenado pelas consultorias Mobiliza e Reos Partners, o estudo ‘Impacto da Covid-19 nas OSCs brasileiras: da resposta imediata à resiliência’ revelou que, desde o início da pandemia de Covid-19, houve uma queda na captação de recursos de organizações da sociedade civil.
De acordo com a pesquisa, 2 em cada 10 instituições do país estão sem fundos suficientes para manter os projetos e continuar com as atividades nas comunidade em que atuam.
O panorama apresentado foi obtido através de entrevistas qualitativas com gestores de 1.760 OSCs do país, que por meio dos formulários destacaram como estavam sendo impactados pela pandemia.
Entre os resultados da pesquisa estão: 87% das organizações relataram ter todas ou parte de suas atividades interrompidas ou suspensas; 73% indicaram que a crise as enfraqueceu muito e 37% se consideram parcialmente enfraquecidas.
Os principais impactos negativos causados pela pandemia foram a queda significativa da captação de recursos (73%), o distanciamento e a dificuldade de comunicação com os públicos atendidos (55%), a redução de voluntários ativos (44%) e o estresse e sobrecarga nas equipes (40%).
O levantamento também buscou ouvir os entrevistados sobre os impactos positivos que a pandemia resultou, e 53% apontaram a aceleração do uso de ferramentas digitais para o trabalho. Para 40%, a equipe se tornou mais engajada e apresenta mais envolvimento.
Apesar da queda na captação de recursos, 41% das OSCs esperam que a cultura de doação cresça no país, com foco em assistência social e saúde. Vale salientar que apenas 5% responderam que pretendem encerrar as atividades em um futuro próximo.
Quando questionadas sobre as principais necessidades para continuarem em funcionamento, apontaram os recursos para manter seus custos operacionais (70%) e o engajamento da sociedade para apoiar as ações realizadas (46%).
Mesmo com as restrições financeiras, 87% das organizações afirmaram que devem continuar as atividades até o final de 2020, com grandes mudanças (58%), pequenas (24%) ou nenhuma mudança (5).
No total, 86% das organizações ainda são capazes de oferecer algum tipo de atendimento às populações afetadas pela Covid-19, sendo que 49% destas ações são para a distribuição de produtos de higiene.
De acordo com o estudo, 69% das OSCs se mostram positivas em relação ao futuro ao considerarem que a demanda pelos serviços ofertados deverá aumentar após o final da pandemia.
A realização do estudo contou com o cofinanciamento de organizações como a Fundação Tide Setúbal e o Instituto Sabin, além de contar com um Comitê Estratégico Voluntário, que ofereceu suporte para as articulações do projeto e a análise dos dados.
O estudo pode ser consultado clicando aqui.