62% dos paulistanos percebem discriminação racial no trabalho
Pesquisa fala sobre as relações raciais e a percepção das pessoas sobre o assunto na cidade de São Paulo
Por Caio Lencioni
De acordo com a pesquisa ‘Viver em São Paulo – Relações Raciais na Cidade’, realizada pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope Inteligência, 62% dos paulistanos percebem diferenças no tratamento entre brancos e negros no trabalho.
Além disso, o estudo aponta que 66% dos paulistanos acreditam que pessoas negras têm menos oportunidade no mercado de trabalho do que pessoas brancas. Em referência às regiões de São Paulo, moradores das regiões Oeste (71%) e Sul (70%) são os que mais afirmam que pessoas negras têm menos oportunidades de emprego do que pessoas brancas.
A pesquisa também revela que 66% dos paulistanos acreditam que há diferenças no tratamento entre brancos e negros em shoppings, lojas, cinemas, restaurantes, bares e outros estabelecimentos comerciais.
Presente no evento de lançamento da pesquisa, que aconteceu na última terça-feira (13), o professor de direito Silvio de Almeida, que é negro, comentou que esse dado corresponde à realidade. “Quando estou parado dentro de um shopping em São Paulo, alguma pessoa sempre vem pedir informação. A questão não é ser negro, a questão é você estar deslocado, fora do espaço que lhe é natural”. Ou seja, a sociedade pressupõe que as pessoas negras estão sempre nos espaços comerciais como trabalhadores e não como clientes.
Outro dado da pesquisa é que 77% da população paulistana avalia que a prefeitura do município de São Paulo tem feito pouco ou nada para combater o preconceito e a discriminação na cidade. O professor aponta que, por mais que as políticas públicas ajudem a combater o racismo, elas não são suficientes. “O combate ao racismo não pode ser uma política pública, tem que ser política de Estado. Deve fazer parte de todo tipo de política econômica e social no Brasil”, completa.
O estudo teve como objetivo entender o grau de percepção de racismo entre os paulistanos, e questionou a existência de diferença de tratamento entre brancos e negros no atendimento e acesso a locais e serviços na cidade. Cada resposta recebeu um peso diferente, em que “não existe diferença no tratamento” recebeu peso 0,0; “existe diferença no tratamento”, recebeu peso 1,0; e não sabe, ou não respondeu, recebeu o peso de 0,5.
A escala, que varia de 0 a 1, em que mais próximo de 0 menor é a percepção de racismo do entrevistado e mais próximo de 1 maior é a percepção de racismo do paulistano. O estudo aponta que o indicador chegou a 0,59, o que significa que a percepção do paulistano é alta em relação ao racismo.
Também esteve presente no evento Luciana Araújo, jornalista e militante do Movimento Negro Unificado e da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, que falou sobre a questão da mulher em referência à pesquisa.
“Diante de uma violência sistêmica que o estado e a cidade te oferece todos os dias, é necessário ter um atendimento com algum grau de humanidade. E é isso que a cidade e o estado de São Paulo nos nega todo dia quando, por exemplo, fecha um serviço como o hospital Jabaquara, o primeiro serviço de atendimento a mulheres vítimas de violência sexual”.
Para acessar a pesquisa completa, basta clicar neste link.
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