O papel do investimento social privado
Educação é a área que mais recebe auxílio de empresas de grande porte, para melhorias na capacitação profissional e diminuição do desemprego
As organizações da sociedade civil (OSCs) surgiram para preencher lacunas deixadas pelo poder público. E foi para esse mesmo fim que surgiu o investimento social privado, que vem ganhando força nos últimos anos.
Segundo o relatório 2015 da Benchmarking Investimento Social Corporativo (BRINCS), da Comunitas, houve um aumento de 60% dos investimentos sociais feitos por empresas privadas entre 2007 e 2014. Foram utilizadas cerca de 300 empresas e 24 fundações para essa análise.
Segundo Anna Peliano, coordenadora da pesquisa, as empresas estão adquirindo um maior espírito participativo no âmbito social. “O setor privado deixou de querer ser coadjuvante para ser parte da solução dos problemas da sociedade”, afirmou.
As iniciativas privadas querem ficar mais próximas da população, realizando o chamado “ganha, ganha”, no qual elas realizam projetos sociais através de seus institutos e ajudam pessoas com necessidades, mas também continuam ganhando renda, empregados qualificados ou alguma coisa em troca.
Lembrando que esse tipo de ação é diferente dos Negócios Sociais, o chamado “setor dois e meio”; pois nesse caso a empresa tem como foco principal a área social e o lucro fica apenas em segundo plano para que seja reinvestido em novos projetos. Já a empresa com investimento social utiliza recursos privados para fins públicos.
A área que possui maior foco perante o setor privado é a da educação, devido aos grandes índices de analfabetismo e desemprego. Cursos de capacitação profissional, oficinas, cursos financeiros e de negócios são as alternativas mais comuns de investimento das grandes companhias.
Geralmente, esses cursos disponibilizados pelos institutos dessas empresas são voltados para pessoas desempregadas ou de baixa renda. Ajudando esse público, os benefícios são para ambas as partes, tanto para o novo estudante que pode se tornar um futuro empregado, quanto para a empresa, que além de melhorar sua imagem, pode receber novos funcionários bem preparados através de sua própria organização social.
Anna Peliano também destaca que, para que uma empresa possa mostrar a credibilidade de seus projetos e ser exemplo de confiança para a população, é aconselhável que ela tenha boas parcerias com o terceiro setor. Além disso, ela recomenda que a organização tenha uma mídia social bem estruturada e uma relação direta com as comunidades.
Todas as companhias que investem em projetos sociais têm relação/parcerias com entidades sem fins lucrativos. Se essas organizações são reconhecidas pelo seu trabalho e têm credibilidade, o investimento da empresa é confiável e real.
Segundo Cláudia Buzzete, diretora executiva da Fundação BUNGE, é durante as crises que as empresas que praticam o investimento social conseguem dar grandes saltos, pois elas contribuem com as parcelas mais vulneráveis da população, ajudam a qualificar profissionais e a criar empregos.
O evento
A discussão sobre esse tema foi feita num evento realizado no dia 16 de agosto, pela CDN Comunicação. Reuniram-se representantes de fundações como a Salvador Arena, Rodobens, GIFE e também a Fundação BUNGE. O evento teve como propósito debater sobre o investimento social privado, encontrar melhorias e analisar a importância da participação do segundo setor no âmbito social das comunidades, de acordo com os dados apresentados pela coordenadora da BRINCS, Anna Peliano.