Mais de 3 mil pessoas morreram tentando chegar à Europa por mar em 2021
Dados do Acnur revelam que mais de 3 mil pessoas morreram tentando chegar à Europa por mar em 2021. O número é o dobro do observado em 2020
Por Juliana Lima
De acordo com um novo relatório divulgado pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur), mais de três mil pessoas morreram tentando chegar à Europa por mar em 2021. As rotas marítimas mais utilizadas são pelo Mediterrâneo e pelo Atlântico. O número é o dobro do registrado em 2020, quando a agência notificou 1.544 mortes.
Os relatórios sobre o assunto começaram a ser feitos em 2019 e, desde então, os números anuais vêm crescendo. Até o mês de abril, 2022 já registrava 478 mortes ou desaparecimentos de pessoas que tentavam chegar à Europa por mar.
De acordo com o Acnur, a pandemia do coronavírus e o consequente fechamento das fronteiras na tentativa de conter o vírus impactaram diretamente nos fluxos migratórios. Sem alternativas, muitas pessoas que buscavam deixar seus países tiveram que recorrer a traficantes, que costumam usar rotas perigosas e embarcações precárias. A maioria das travessias marítimas, que podem chegar a durar dez dias, é feita com botes infláveis superlotados e em péssimo estado de conservação — muitos desinflam ou viram no oceano.
O Mar Mediterrâneo é a rota migratória mais mortal do mundo. Desde 2014, um projeto da Organização Internacional para as Migrações (OIM) documentou pelo menos 17 mil mortes e desaparecimentos no trajeto.
“Temos insistido que é preciso fortalecer ações humanitárias de desenvolvimento para lidar com os fatores que forçam as pessoas a migrarem“, disse Shabia Mantoo, porta-voz do Acnur.
A agência solicitou US$ 163,5 milhões para oferecer ajuda humanitária aos que precisam de proteção internacional e aos sobreviventes de abusos de direitos humanos. O maior montante iria justamente para o norte da África e para a Costa do Marfim.
No entanto, os dados do Acnur não incluem aqueles migrantes que desaparecem ou morrem em rotas terrestres, como as que percorrem o deserto do Saara, nem os que ficam detidos em centros administrados por contrabandistas, onde sobreviventes relatam casos de violência sexual, casamento e trabalho forçados.
Fonte: Folha de S. Paulo