3 sobreviventes: desmatamento pode levar à extinção do povo Piripkura
Com a pecuária e o corte ilegal de madeira em sua reserva, o povo isolado Piripkura, com apenas três sobreviventes conhecidos, está sob ameaça de “extinção iminente”. Indígenas são do Centro-Oeste do Brasil
O povo isolado Piripkura está sob ameaça de “extinção iminente”, segundo especialistas. Com apenas três sobreviventes conhecidos, o povo indígena do Centro-Oeste brasileiro tem sofrido com a pecuária e o corte de madeira realizados de forma ilegal em sua reserva.
Localizada em Mato Grosso, uma região vital para o agronegócio brasileiro, a reserva Piripkura está perdendo a batalha contra os invasores de seu território, apesar da proteção prevista por lei.
As incursões de fora contra o povo indígena não são um fenômeno recente, mas o ritmo de destruição se acelerou: a partir do relatório divulgado no começo de novembro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), uma rede de organizações não-governamentais observou que uma área de 24 km² do território piripkura foi devastada apenas entre agosto de 2020 e julho deste ano. Essa extensão equivale a mais de 3 mil campos de futebol.
Enquanto outras reservas indígenas também lutam contra madeireiros, mineradoras e ocupações ilegais para pecuária e agricultura, o povo Piripkura enfrenta uma situação dramática.
“Eles estão à beira da extinção e podem ser mortos em questão de dias”, afirma Sarah Shenker, da entidade britânica Survival International, focada na proteção de povos indígenas. “Os invasores estão se aproximando de Baita e Tamanduá a todo momento.”
Há fortes evidências de que pessoas de fora estejam ocupando partes da reserva, diz Leonardo Lenin, que trabalhou na Fundação Nacional do Índio (Funai) diretamente com tribos de Mato Grosso.
Estima-se que existam mais de 100 desses grupos espalhados pelo mundo, e 50 deles estão localizados na região amazônica.
A atitude de isolamento é, muitas vezes, derivada de confrontos com invasores. Os Piripkura, por exemplo, já enfrentaram grandes problemas.
Vários membros da tribo foram mortos na década de 1970 por assassinato ou após contraírem doenças como gripe, contra as quais os indígenas não desenvolveram proteção em seu sistema imunológico.
Quando os Piripkura foram contatados pela primeira vez pela Funai em 1984, técnicos relataram que havia apenas de 15 a 20 integrantes da tribo em toda a reserva.
Fonte: BBC Brasil