Sem socorro: 9 crianças indígenas Yanomami morrem com sintomas de covid
Os postos de saúde da região estão fechados há cerca de dois meses. O presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY) pediu ajuda para o envio de profissionais de saúde à região com urgência
Um ofício do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY) aponta que nove crianças morreram com sintomas de Covid-19, como febre e dificuldade para respirar, em duas comunidades na Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima.
O documento foi assinado pelo presidente do órgão, Júnior Hekurari Yanomami, que também pede ajuda para o envio de profissionais de saúde à região urgentemente.
Segundo o presidente do Condisi-YY, foram registradas quatro mortes na comunidade Waphuta, duas delas no dia 25 de janeiro, e outras cinco em Kataroa, região do Surucucu, em Alto Alegre, Norte de Roraima.
Os postos de saúde da região estão fechados há cerca de dois meses, ainda de acordo com o presidente. No mesmo ofício em que ele solicitou providências à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Dsei-Y sobre as mortes, Hekurari também cobrou, com urgência, o envio de profissionais de saúde para a região.
A Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil e também a mais vulnerável à Covid-19 na Amazônia. Em três meses, o vírus avançou 250% nas comunidades, segundo relatório produzido por uma rede de pesquisadores e líderes Yanomami e Ye’kwana. As crianças, segundo Herkurari, tinham entre um e cinco anos e não há como precisar a data exata de todas as mortes. Ele diz, contudo, que todas ocorreram no mês de janeiro.
O presidente do Condisi-YY também disse ter informado a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal (MPF) sobre as mortes das crianças. As duas instituições também foram contatadas, mas ainda não enviaram resposta.
As duas comunidades, de acordo com Hekurari, ficam no meio da floresta amazônica, em região de difícil acesso. Para chegar até as duas é necessário viajar de avião de Boa Vista a Surucucu, e de lá pegar um helicóptero. “Do contrário, leva de três a quatro dias andando na mata”, disse.
Vivem em Kataroa 412 indígenas Yanomami, e em Waputha são 816. O Dsei-Yanomami atende 28.141 indígenas distribuídos em 371 aldeias.
Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami fica entre os estados de Roraima e Amazonas, e em boa parte da fronteira com a Venezuela. Desde o ano passado, indígenas denunciam o avanço da Covid-19 entre as comunidades, causado, principalmente, pelo garimpo ilegal em algumas regiões.
Fonte: G1