9 milhões de brasileiros não possuem acesso à rede geral de água
O estudo “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?” realizado pelo Instituto Trata Brasil busca analisar o perfil das famílias brasileiras com privações da rede geral de água, utilizando dados da PNADC do IBGE de 2013 a 2022.
Por Redação
Um recente estudo do Instituto Trata Brasil revelou que 46,3% das residências no Brasil enfrentam privações em saneamento básico. O relatório, intitulado “A vida sem saneamento: para quem falta e onde mora essa população?” analisou dados de 2013 a 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual (PNADC) do IBGE. A pesquisa abordou cinco categorias de privações, incluindo acesso à rede de água, frequência inadequada de água potável, falta de reservatório, ausência de banheiro e carência na coleta de esgoto.
O estudo revelou que a privação atinge principalmente jovens com menos de 20 anos, além de pessoas pretas, pardas e indígenas. A região Nordeste foi identificada como a mais afetada em todas as dimensões analisadas. Entre as descobertas mais preocupantes, 70,2% das residências sem acesso à rede geral de água estavam abaixo da linha de pobreza em 2022.
No aspecto educacional, a grande maioria da população em estado de privação de coleta de esgoto não tinha instrução formal (21,5%) ou não tinha completado o ensino fundamental (47,2%). O ensino superior representou apenas 3,9% do total da população com essa privação.
A distribuição da população com privação de coleta de esgoto por faixa de rendimento mensal domiciliar em 2022 mostra novamente uma concentração nos domicílios de baixa renda. Cerca de 80,5% do total de 31,309 milhões de pessoas em privação de coleta de esgoto moravam em domicílios em que a renda total foi de, no máximo, R$ 2.400,00 por mês. Outros 15,4% das pessoas em privação moravam em residências cuja renda mensal domiciliar variava entre R$ 2.400,01 e R$ 4.400,00. Essas duas classes de renda totalizaram quase 96% da população em estado de privação de coleta de esgoto.
As implicações dessas privações vão além das condições de vida, impactando diretamente na saúde da população brasileira. Com destaque para as áreas mais carentes, as estatísticas mostram uma distribuição desigual, afetando especialmente os mais jovens, minorias étnicas.
Relacionando esses dados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda ONU, fica evidente que o alcance do saneamento básico é crucial para atingir metas como a erradicação da pobreza (ODS 1), saúde de qualidade (ODS 3), água potável e saneamento (ODS 6) .