Amazônia gera energia para o país e tem 1 milhão de pessoas no escuro
Região da Amazônia Legal representa fatia de 26% no fornecimento de energia elétrica consumida em todo o território brasileiro, mas tem 1 milhão de habitantes sem acesso ao serviço
Por Iara de Andrade
Apesar de representar 26% do fornecimento de energia elétrica em todo o território nacional, a Amazônia Legal tem em seus municípios 1 milhão de moradores utilizando geradores que fornecem luz apenas algumas horas por dia.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o território corresponde a 58% da superfície do país, um total de 5.015.068,18 quilômetros quadrados que se estendem por 772 cidades em nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Sua população aumentou de 8,2 milhões em 1972 para 28,1 milhões em 2020, de acordo com o Projeto Amazônia 2030, feito entre várias entidades.
No ano de 2020, foi criado o programa Mais Luz para Amazônia, sucessor do programa Luz para Todos, para atender famílias residentes em áreas remotas da região. A Climate Policy Initiative (CPI), organização focada em políticas ambientais e mudanças climáticas que participou do estudo, apontou que a estrutura do programa não estabelece multas ou consequências em caso de não cumprimento de metas e nem possui fiscalização.
“Como essa população sem acesso à eletricidade pode acessar programas educacionais ou cursos online para, por exemplo, se informar sobre o melhor uso da terra para algum fim, para aprender a explorar a terra de forma sustentável? Como tudo isso é possível sem acesso à energia? Como existe ainda 1 milhão de pessoas no Brasil sem eletricidade?”, pergunta Amanda Schutze, coordenadora de avaliação de política pública da CPI.
A organização ainda questiona por que a região que abastece o país com suas hidrelétricas depende do óleo diesel, combustível caro e poluente, e tem 3 milhões de habitantes fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), que produz e transmite energia elétrica e conecta usinas e consumidores.
Pensando em estabelecer priorizações de instalações em localidades consideradas vulneráveis, com condições mínimas de tratamento de saúde durante o pico da crise da Covid-19, foi criado o Projeto de Lei 4.248/2020. De autoria do deputado federal Airton Faleiro (PT-PA), o PL estabelece um prazo de universalização da energia elétrica nas regiões remotas da Amazônia, até o ano de 2025.
Fonte: BBC News Brasil