Apenas 16% dos professores têm internet adequada nas escolas
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha ressalta a desigualdade do acesso à internet na maior parte das escolas do país
Por: Júlia Pereira
Segundo uma pesquisa feita pelo Datafolha a pedido da Fundação Lemann, apenas 16% dos professores brasileiros têm internet com velocidade e alcance adequados dentro das escolas públicas onde dão aula.
Para 99% deles, é imprescindível ou importante melhorar a conectividade das unidades no próximo ano.
Foram entrevistados, por telefone, 1.005 professores de todas as regiões do país entre os dias 22 de setembro e 10 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A pesquisa ressalta a desigualdade do acesso à internet no Brasil. No Sul, 14% dos professores disseram não haver conexão em suas escolas. No Nordeste, 35% responderam não ter internet, número 2,5 vezes maior.
No Sudeste, está a maior proporção de professores que dizem ter internet adequada (20%), mas também o segundo maior número dos que não têm nenhum acesso na escola (32%).
Dados do Ministério da Educação (MEC) mostram que 71% das escolas públicas brasileiras estão conectadas à internet, mas a conexão na maioria delas é apenas para serviços administrativos.
A média de velocidade de internet das unidades brasileiras é de 11 Mbps (megabits por segundo). Segundo dados do Programa de Inovação Educação Conectada, nos Estados Unidos, a média é de 100 Mbps por escola.
No Senado, está em tramitação uma proposta sobre a regulação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que pode garantir recursos para incentivar empresas da área a levar serviços de internet a regiões do país que estão sem conexão – cerca de 1.500 municípios não têm nenhuma estrutura de fibra ótica.
Já na Câmara dos Deputados, um projeto propõe que a União assegure recursos necessários a estados e municípios para prover acesso à internet a todos os alunos e professores da educação básica pública. A proposta é de que as empresas de telefonia móvel isentem o consumo de dados para o acompanhamento de atividades letivas remotas.
O projeto prevê ainda o uso de recursos do Fust, que atualmente são contingenciados pelo teto de gastos para reduzir o déficit das contas públicas.
Além disso, o PL prevê que a proposta custe R$ 26,6 bilhões para universalizar o acesso à internet aos alunos e professores e compra de equipamentos.
Em São Paulo, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE Paulista) prevê a destinação de um recurso para que as unidades comprem equipamentos de tecnologia para a realização do ensino híbrido.
A secretaria também lançou um projeto para subsidiar a compra de computadores para 161 mil professores (a rede tem cerca de 200 mil docentes), em até R$ 2.000, e informa ainda que irá distribuir 750 mil chips de celular com acesso gratuito à internet — 250 mil para professores e 500 mil para estudantes.
Os docentes devem recebê-los ainda neste ano para que possam fazer a busca ativa dos mais de 500 mil alunos da rede que não conseguiram fazer nenhuma atividade escolar no período de suspensão das aulas presenciais.
Fonte: Folha de S.Paulo