Brasil: 33 ocorrências de crime de ódio são registradas por dia
Realizado pela ONG Words Heal the World, o Mapa do Ódio mostra dados colhidos no país em 2018, ano em que foram registrados 12.098 crimes de ódio
Por: Mariana Lima
O Mapa do Ódio, levantamento produzido pela organização sem fins lucrativos Words Heal the World, apontou o registro de 12.098 crimes de ódio no país em 2018, o equivalente a uma média de 33 ocorrências por dia.
Os crimes de ódio registrados se dividem em 1.175 casos de homicídios, dentro destes 1.141 foram femicídios. 33 foram motivados por preconceito baseado na orientação sexual, além de um caso motivado por preconceito devido a origem da vítima.
A ONG atua com estratégias de combate a diferentes tipos de extremismo no Reino Unido, Brasil e na América Latina. Ao contrário de outros países, como o Estados Unidos e os que compõe a Europa, o Brasil não possui um monitoramento efetivo dos crimes de ódio.
Os crimes de ódio que foram registrados pela polícia brasileira no ano passado revelam que 8.525, cerca de 70%, tiveram motivação no preconceito racial; o preconceito em relação à orientação sexual corresponde a 2.165 (18%) dos crimes; o preconceito de gênero registrou 1.141 (9%); enquanto o preconceito religiosos e questão relacionadas à origem da vítima, possuem respectivamente 220 (2%) e 47 (0,5%) casos.
O estudo também buscou comparar a quantidade de crimes de ódio registrados pela polícia nos estados e as denúncias de ofensas motivadas por ódio pelo Disque 100, disponibilizado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
A comparação revelou uma escassez de dados e informações, dando margem para a subnotificação. O Disque 100 registrou 5.096 denúncias de crimes motivados pelo preconceito racial, orientação sexual, religião e gênero em 2018.
Ao todo, foram 2.290 denúncias de feminicídios – tentativas e consumados -, 1.685 denúncias relacionadas à orientação sexual e a identidade de gênero, 615 por ódio racial e 506 por ódio religioso.
A discrepância entre os dados é alarmante, pois pode dificultar o surgimento de políticas públicas para tratar o cenário. Por exemplo, de acordo com a reportagem “Terreiros na mira”, publicada em junho deste ano pela Gênero e Número, foram registrados 3.254 boletins de ocorrência em São Paulo em 2018 contra crimes de intolerância religiosa, enquanto o Mapa do Ódio obteve o registro de apenas 220 crimes e 506 denúncias em todo o país.
É justamente São Paulo o único estado no país a registrar todos os tipos de crimes de ódio, ficando no topo do ranking com 2.800 casos, acompanhado pelo Rio Grande do Sul com 1.640, Paraná com 1.508 e o Rio de Janeiro com 1.329.
Os menores índices ficam com o Amazonas com 4 registros, o Acre com 6 casos e Roraima com 8 casos. Os três fazem parte da lista dos estados que não informaram todos os tipos de crime de ódio.
O feminicídio foi o único crime registrado em todos os estados brasileiros, colocando Minas Gerais na liderança do ranking, com 156 casos.
Um dado importante a ser observado vem de Roraima, pois nenhum crime de ódio foi reportado apesar dos casos de brasileiros que incendiaram os pertences de venezuelanos em agosto de 2018 em Pacaraima.
De acordo com o Mapa do Ódio, apenas 9 estados e o Distrito Federal apresentaram os registros de crimes de ódio motivados pela orientação sexual e identidade de gênero no ano passado. No entanto, o crime ocupa a 2ª posição no ranking de ocorrências no levantamento.
Os dados estão em consonância com os apresentados pelo 13° Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2019), com 905 casos, porém o anuário não considera as agressões que o Mapa classifica como injúrias.
Fonte: Gênero e Número
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