Brasil é destaque em relatório sobre redução de espécies no mundo
Em quatro décadas, o planeta perdeu 69% das populações de animais selvagens. É o que diz a 14ª edição do Relatório Planeta Vivo, divulgado pela WWF-Brasil e considerado um dos mais completos relatórios globais sobre biodiversidade
Por Iara de Andrade
Em quatro décadas, o planeta perdeu 69% das populações de animais selvagens. É o que diz a 14ª edição do Relatório Planeta Vivo, divulgado pela WWF-Brasil e considerado um dos mais completos relatórios globais sobre biodiversidade.
O texto conta que entre as 32 mil populações de 5.230 espécies de todo mundo analisadas pela organização, o boto amazônico se destacou como uma das que mais diminuíram nas últimas décadas.
Além da contaminação por mercúrio, estes animais estão sofrendo com a captura não intencional em redes, com ataques em represália pela danificação de equipamentos de pesca e pela captura para o uso como isca de pesca, o que gerou, por exemplo, uma queda de 65% na população dos botos-cor-de-rosa da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamiraurá, estado do Amazonas, entre os anos de 1994 e 2016.
Também houve redução das populações do chamado ‘trapézio amazônico’, região que inclui o Vale do Javari, onde o ambientalista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Philips foram assassinados por pescadores ilegais.
O documento ainda estima um declínio de 80% das populações de gorila da planície oriental do Parque Nacional Kahuzi-Biega na República Democrática do Congo, de 1994 a 2019. E 64% das de leão-marinho australiano, entre 1977 e 2019.
Ainda segundo a nova edição do relatório, espécies de vertebrados, entre mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes, sofreram, em média, uma queda de 69% desde 1970; Na América Latina e Caribe, populações monitoradas entre os anos de 1970 e 2018, encolheram 94% em média.
A análise aponta a degradação e perda de habitat natural, a exploração, a introdução de espécies invasoras, a poluição, as mudanças climáticas e doenças como os principais fatores desse declínio no mundo. Sobretudo no continente Africano, causando uma redução de 66% em suas espécies, Ásia e região do Pacífico, com queda de 55%.
O documento defende um aumento na conservação e restauração do meio ambiente, a produção e o consumo de alimentos de forma mais sustentável e a descarbonização rápida e profunda de todos os setores para diminuir os anos da crise global.
Por fim, ressalta que um futuro positivo para a natureza só será possível a partir do respeito aos direitos, governança e liderança e conservação dos povos indígenas e das comunidades locais presentes em todo o mundo.