Brasil é um dos países que menos realizam testes para Covid-19
Levantamento mostra que número de testes para Covid-19 realizados pelo Brasil está atrás de países como Estados Unidos, Chile, Cuba e Argentina
Por: Júlia Pereira
Uma pesquisa mostrou que o Brasil é um dos países que menos realizam testes para Covid-19. A comparação internacional foi realizada pela BBC News Brasil a partir de dados oficiais reunidos pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.
De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 20 de abril, foram realizados 132.467 testes específicos para a Covid-19 no Brasil. Outros 56.613 estão em análise. Os números incluem somente os testes realizados na rede pública de saúde.
Esse número representa uma proporção de 0,63 teste para cada 1 mil habitantes (ou 63 por cada 100 mil pessoas).
O índice fica bem abaixo do visto em países desenvolvidos, como Alemanha (25,11), Itália (23,64) e Estados Unidos (12,08), e abaixo até mesmo do índice de outras nações latino-americanas, como Chile (6,43), Peru (4,44), Cuba (2,65), Equador (1,15), Paraguai (0,83) e Argentina (0,76).
O Brasil não está presente no estudo elaborado pela plataforma Our World In Data, da Universidade de Oxford, pois o Ministério da Saúde não divulga dados regulares sobre a situação dos testes.
Porém, se o país estivesse presente no levantamento, ocuparia a 60ª posição entre 75 países que realizaram testes para Covid-19 até o dia 20 de abril, ficando à frente somente da Tailândia, Filipinas, Paquistão, Marrocos, Bolívia, Índia, Senegal, México, Uganda, Nepal, Quênia, Indonésia, Bangladesh, Mianmar, Etiópia e Nigéria, respectivamente. Lideram o ranking Islândia (127,58), Luxemburgo, Bahrein, Estônia e Israel.
De acordo com a Our World In Data, nenhum país sabe exatamente o número de casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Os testes mostram apenas mais dados confiáveis sobre casos confirmados.
Isso porque um maior número de testes oferece uma amostragem mais fiel ao número de pessoas das quais é possível saber o status de infecção.
Além disso, países que possuem um grande número de testes não precisam racionar tanto os exames, como fazem os com baixa capacidade, que precisam reservar os testes aos grupos de alto risco.
Com informações mais precisas sobre a quantidade de pessoas infectadas pelo coronavírus, governos podem formular políticas públicas mais específicas, isolando doentes ou grupos mais vulneráveis para evitar a propagação da doença.
Em entrevistas coletivas, o Ministério da Saúde admitiu a falta de testes, principalmente, por conta da falta de insumos para a produção deles, uma vez que há uma corrida mundial de países por essas substâncias.
No entanto, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que não existe a possibilidade de realizar testes em massa, mas sim usar os testes para “mapear a população de forma que sua amostra reflita o todo”.
No último mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que os países fizessem testes em massa para combater a pandemia.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que testar qualquer caso suspeito de Covid-19 seria essencial para identificar e isolar o máximo de pessoas infectadas e saber quem teve contato com elas para quebrar a cadeia de transmissão.
Um país que se destacou com a medida foi a Coreia do Sul, que testou milhões de pessoas e, apesar de não ter entrado em quarentena como outros lugares do mundo, reduziu drasticamente o número de novos casos e mortes.
Fonte: BBC News Brasil