Brasil ocupa posição de destaque negativo em relatório internacional
Relatório analisa episódios que ferem o direito à liberdade de expressão em universidades e a perseguição a acadêmicos ao redor do mundo
Por: Mariana Lima
O Brasil é destaque internacional. Mas não por um bom motivo. Uma foto de estudantes protestando no Rio de Janeiro é a capa da 5ª edição do relatório ‘Free to Think’.
O relatório anual realizado pela Scholars at Risk analisa universidades ao redor do mundo com base em episódios que ferem o direito à liberdade de expressão e a implementação de pensamento crítico no meio acadêmico.
Na edição de 2019, o Brasil ficou em destaque pela 1ª vez. O país foi escolhido por um time de especialistas, que em edições anteriores já elegeram países como Irã, Paquistão, Egito e Turquia.
Os organizadores do documento chamam atenção para o “ataque que compromete todo o sistema de ensino superior, prejudicando a qualidade do ensino da pesquisa e do discurso no campus”.
Esse tipo de cenário, de acordo com o relatório, diminui os espaços em que todos podem pensar, questionar e compartilhar ideias de forma livre e segura, prejudicando o discurso público e o desenvolvimento social, político, cultural e econômico.
Em relação ao Brasil, o relatório analisou casos que ocorreram entre as eleições presidenciais em 2018 e dezembro de 2019.
Entre os casos citados está um que ocorreu na Universidade Federal Fluminense (UFF) em janeiro de 2019, quando uma ordem judicial determinou a retirada de uma faixa feita por estudantes em que se lia ‘Direito UFF-Antifascista‘, e mandou confiscar panfletos com a mensagem ‘Manifesto em defesa da democracia e das universidades públicas‘.
Outros casos pontuados no relatório se referem a ações governamentais que, de acordo com o texto, “possuem potencial para impactar negativamente a educação superior”. Como exemplo deste argumento, o relatório cita o iniciativa liderada pela deputada estadual Caroline Campagnolo (PSL-SC) que motivou diversos alunos a filmarem e compartilharem no Facebook comportamento “político-partidário ou ideológico” dos professores.
Fonte: Revista Galileu