Brasileiros entram no Guinness Book ao fazer casco 3D para jabuti
Voluntários recriam casco 3D para jabuti vítima de incêndio e entram para o Guinness Book, o livro dos recordes, como os primeiros a realizarem prótese animal com a tecnologia
Por: Juliana Lima
Um grupo de especialistas voluntários brasileiros entraram para a mais nova edição do livro dos recordes, o Guiness Book 2022. Eles são os primeiros a realizarem uma prótese animal usando a tecnologia das impressoras 3D. O animal que recebeu esse benefício é “Fred”, uma jabuti que vive em Brasília e teve 90% de seu casco queimado em um incêndio em 2015.
Na época, a jabuti foi resgatada de um incêndio florestal em uma região de mata do Paranoá, em Brasília, e foi atendida por um clínica veterinária especializada em animais silvestres. O caso era grave, já que ela havia perdido grande parte de seu casco, parte do corpo que oferece proteção ao animal. No entanto, Fred mostrou muita determinação para se recuperar.
Foi então que os veterinários Roberto Fecchio, Rodrigo Rabello e Matheus Rabello, o cirurgião dentista Paulo Miamoto e o designer Cicero Moraes decidiram dar uma segunda chance à jabuti. O grupo, que já havia resgatado o animal, era entusiasta da tecnologia de computação gráfica 3D. Ainda em 2015, eles já haviam tentado fazer uma prótese em um tucano e em um papagaio, mas não haviam tido sucesso.
Com um celular, eles tiraram cerca de 60 fotos da jabuti e usaram um programa gratuito para converter as imagens para um projeto 3D, um processo chamado de fotogrametria. Usando outro animal da espécie como “modelo”, eles recriaram o casco e estudaram a melhor forma de fazer o encaixe da prótese.
O casco 3D foi impresso em quatro partes, sendo que cada uma demorou um dia para ser feita. O material utilizado foi o ácido polilático (PLA), um material biodegradável derivado do milho. Depois, ele foi pintado à mão por um artista de Brasília com cores realistas e só então foi levado à clínica veterinária para ser transplantado em Fred.
A prótese custou cerca R$ 160 e o processo como um todo durou apenas dois meses. A jabuti se adaptou bem ao casco 3D e hoje vive saudável sob os cuidados de uma ONG que recebe animais silvestres resgatados. Para os integrantes do grupo “Animal Avengers” que realizaram o projeto, foi gratificante acompanhar a recuperação do animal e ter seu trabalho reconhecido.