Burnout, ansiedade e depressão entram para a lista de doenças do trabalho
A lista de doenças do trabalho foi atualizada em novembro de 2023; a partir de agora, problemas como insônia, ansiedade, depressão e burnout devem ser tratados da mesma forma que acidentes físicos de trabalho.
Da Redação
Após 24 anos de sua criação, a lista de doenças do trabalho foi atualizada e novos 165 problemas que afetam a saúde dos trabalhadores foram incluídos. Entre eles insônia, transtornos mentais como burnout, ansiedade e depressão, e até mesmo comportamentos provocados pelo uso de álcool.
“O reconhecimento do sofrimento psíquico e fisiológico do trabalhador é fundamental para a construção de uma cultura de trabalho que promova a saúde e a dignidade. Essa inclusão traz visibilidade a riscos e sofrimentos que são tão frequentemente minimizados e ignorados nesse ambiente onde passamos mais tempo do que em nossa própria casa”, explica Milena Fanucchi, cofundadora do Instituto Bem do Estar.
Segundo o estudo “Um olhar aprofundado sobre a saúde mental nas organizações brasileiras” da Vittude, 33% dos funcionários brasileiros possuem algum tipo grave de transtorno mental. Carol Milters, conselheira do Instituto Bem do Estar, explica que o excesso de trabalho, horas extras e cobrança por agilidade e produtividade podem provocar um ambiente adoecedor.
“Quem adoece tem pela frente um trabalho interno inevitável, de reconhecer seus limites, de identificar gatilhos e ressignificar sua relação com o trabalho e consigo mesmo. Organizações têm a responsabilidade de prevenir os riscos psíquicos e físicos e de amparar e acolher da melhor forma possível quem está em risco ou já colapsou, fazendo, também, seu trabalho interno de rever sua cultura e suas práticas de gestão”.
TERCEIRO SETOR NA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS DO TRABALHO
O Instituto Bem do Estar possui duas iniciativas de conscientização e acolhimento para casos de burnout. Uma delas é a Semana de Conscientização da Síndrome de Burnout, um evento anual, gratuito, online e sem fins lucrativos. A ação traz especialistas em burnout que compartilham histórias de trabalhadores que viveram a síndrome.
A segunda iniciativa é o grupo de acolhimento Burnoutados Anônimos, que se encontra mensalmente online de forma gratuita. O grupo existe desde 2020 e tem mais de mil inscritos. Interessados em participar podem encontrar mais informações no site.
Todas as ações estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 3 e 8, metas da Agenda 2030 que promovem saúde e trabalho decente para a população mundial.