Comunidade de criança indígena violentada e morta por garimpeiros pode sumir
Com cerca de 30 moradores e rodeada por acampamentos ilegais, a comunidade indígena Aracaçá, que pertence ao subgrupo Yanomami Sanöma, pode sumir devido à ação dos invasores
A comunidade Aracaçá, na região de Waikás, no norte de Roraima, deixou de plantar e caçar e agora troca comida por serviços para garimpeiros que exploram ilegalmente a Terra Indígena Yanomami. A área é a mesma onde uma menina Yanomami de 12 anos foi estuprada e morta por garimpeiros invasores do território.
Com cerca de 30 moradores e rodeada por acampamentos ilegais, a comunidade, que pertence ao subgrupo Yanomami Sanöma, corre o risco de desaparecer, alerta o relatório ‘Yanomami Sob Ataque’, da Hutukara Associação Yanomami (HAY). Nesta quarta-feira (27/04), a Polícia Federal foi para a região apurar de perto o crime contra a menina.
O documento cita que na região há uma “desordem social” causada pela influência dos garimpeiros. A Hutukara detalhou que os indígenas fazem serviços como carregar combustível e realizar pequenos fretes de canoa em troca de alimentos oferecidos pelos exploradores.
A chegada de drogas e bebidas alcoólicas por meio dos garimpeiros também provocou o aumento da violência e de conflitos entre os indígenas da comunidade, conforme o relatório.
Em 2016, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre contaminação por mercúrio em indígenas da Terra Yanomami, no Norte de Roraima, revelou que indígenas da comunidade Aracaçá têm sido extremamente atingidos, com os maiores índices de contaminação.
À época, 13 pessoas participaram do estudo. Dessas, 92,3% estavam contaminadas com nível alto de mercúrio. Segundo o estudo, mulheres e crianças foram extremamente atingidas.
O mercúrio é usado por garimpeiros para separar o ouro de dejetos e, assim, deixá-lo “limpo” após a extração. Depois, o material é devolvido à natureza e acaba contaminando a água, peixes e caças, que são ingeridos pelos indígenas.
Fonte: g1