Conferência Ethos 360º discute o papel das empresas no combate às desigualdades
Realizada nos dias 21 e 22 de novembro, em São Paulo, a Conferência Ethos 360º reuniu o setor empresarial, especialistas e representantes da sociedade civil para debater sobre a responsabilidade empresarial no combate às desigualdades
Da Redação
Com propósito de combater as desigualdades no Brasil por meio da responsabilidade social empresarial, o Instituto Ethos realizou em São Paulo, nos dias 21 e 22 de novembro, a Conferência Ethos 360º. A ocasião reuniu diversos empresários, representantes do terceiro setor e especialistas para debater o papel das empresas e seu impacto social.
A Conferência também comemorou os 25 anos do Instituto Ethos, que atua na mobilização e apoio a empresas que desejam gerir seus negócios de forma socialmente responsável. Durante a abertura do encontro, o presidente da organização, Oded Grajew afirmou que no período de fundação do Instituto, o termo “responsabilidade social empresarial” não existia, e seu conceito era confundido com filantropia.
“A filantropia é muito limitada dentro do que a empresa pode fazer. Essas ações são importantes para as pessoas beneficiadas, mas os recursos que a empresa emprega em ações filantrópicas raramente ultrapassam 1% do seu faturamento. A missão do Ethos é engajar o setor empresarial para promover uma sociedade sustentável e responsável socialmente”.
Para informar o setor sobre um modelo de gestão sustentável e sem preconceitos, o Instituto Ethos disponibiliza um Guia com 10 iniciativas de prevenção e combate de desigualdades nas empresas, assim como o fortalecimento do acesso a direitos.
COMBATER A DESIGUALDADE RACIAL TAMBÉM É PAPEL DAS EMPRESAS
Os palestrantes discutiram sobre diversos temas relacionados à redução das desigualdades, como mudanças climáticas, acesso aos direitos básicos e racismo. A população negra enfrenta muitas dificuldades no mercado de trabalho, o que potencializa a desigualdade. Segundo pesquisa do DIEESE, divulgada nesta semana, os negros ganham 39,2% a menos que os não negros; eles representam 65% das pessoas desempregadas e ocupam 46% dos cargos em trabalhos desprotegidos.
Em uma das mesas temáticas, a presidente do Conselho de Administração da Fundação Tide Setubal, Neca Setúbal, afirmou que no Brasil as desigualdades têm cor, e as empresas são responsáveis pela inserção de homens e mulheres no mercado de trabalho.
“A questão racial é fundamental para combater as desigualdades e isso exige uma mobilização de anos de todos os setores. A educação sozinha não vai acabar com a desigualdade (…). A sociedade civil já está atuando no combate há muito tempo, agora as empresas precisam acompanhar”.