Desigualdade racial: 92% dos conselheiros de fundações empresariais são brancos
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, a presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal, Maria Alice Setubal, afirma que lideranças brancas têm responsabilidade no combate à desigualdade racial
Da Redação
A desigualdade racial está presente em diversos setores da sociedade, e isso inclui o terceiro setor. De acordo com o Censo GIFE 2023, 92% dos cargos em conselhos de institutos e fundações empresariais são ocupados por pessoas brancas.
No setor público o cenário não é diferente. Segundo dados do Observatório da Presença Negra no Serviço Público, somente 33% dos cargos de nível superior no Executivo federal são compostos por pessoas negras. Já o Ipea mostra que apenas 11,6% dos auditores da Receita Federal são homens negros, enquanto 2,9% são mulheres negras.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo, a socióloga e presidente do Conselho da Fundação Tide Setubal, Maria Alice Setubal, explica que as disparidades foram agravadas por políticas conservadoras e, para promover a equidade, é preciso que lideranças brancas sejam aliadas desta luta.
“Além de políticas públicas e da forte atuação da sociedade civil, a efetiva transformação do cenário de representatividade depende da coragem e da responsabilidade de lideranças brancas em cargos de decisão para se posicionar, afirmando publicamente a prioridade da pauta de equidade racial e de gênero”, afirma Maria Alice.
No texto, a representante do terceiro setor cita algumas iniciativas e articulações multissetoriais que buscam soluções para combater a desigualdade racial, como a Plataforma Alas da Fundação Tide Setubal, a Plataforma Equidade Racial do GIFE, o Pacto de Promoção da Equidade Racial no Brasil, e o Mover – Movimento pela Equidade Racial.
“A permanência e, sobretudo, a promoção desses profissionais a cargos que efetivamente impactam e direcionam os caminhos econômicos, políticos e sociais dependem de decisões deliberadas, pragmáticas e institucionalizadas. É preciso estabelecer metas para além das ações afirmativas, criar e manter investimentos em programas de equidade e mecanismos comprovadamente eficazes, como comitês de diversidades e grupos de afinidades”, explica a socióloga.
Ações de combate a desigualdade e discriminação racial estão alinhadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 10 da Agenda 2030 da ONU.