Diretor transforma escola e pais passam 1 semana na fila por vaga
Projeto pedagógico foi desenvolvido em escola estadual da zona sul de São Paulo, e fez com que pais dormissem na entrada da instituição para garantir uma vaga
Por: Mariana Lima
Durante o mês de dezembro, pais e responsáveis passaram uma semana na calçada da Escola Estadual José Geraldo de Lima, localizada na zona Sul da cidade de São Paulo.
A maioria buscava garantir uma vaga para seus filhos na instituição, que ficou conhecida na região pela qualidade do ensino e pela dedicação do diretor, Wagner Neves.
Neves é funcionário público há 23 anos, e iniciou sua carreira na área da educação como professor de português, passando pelos cargos de coordenador e vice-diretor, até chegar à sua atual posição.
Ele assumiu a diretoria da escola José Geraldo de Lima em 2014, após passar no concurso do Programa de Ensino Integral. Quando entrou na instituição, a realidade era bem diferente da que motivou a fila em dezembro de 2019.
A escola não era valorizada pela comunidade nem pelos alunos, que reclamavam das condições do espaço. Ambas as partes torciam para o fechamento do espaço.
Com esta realidade, Neves percebeu a urgência de promover uma mudança, principalmente quando alguns estudantes iam até a sua sala pedindo para estudar.
Então, o diretor começou a envolver a comunidade, pais e alunos com os assuntos do ambiente escolar para que entendessem que a escola também era deles.
O primeiro passo em direção à reorganização na escola foi a implantação do uniforme, que não é fornecido pelo governo. A decisão foi aceita pelos pais, que viam no uso uma medida de segurança.
As filas no período de matrícula vêm se formando há 3 anos. Para o ano letivo de 2020, a fila de espera tinha 300 alunos. No entanto, só foram abertas vagas para uma turma do 6° ano.
Atualmente, a escola possui 25 professores e 490 alunos. Após as mudanças propostas por Neves, poucos estudantes querem deixar a instituição, assim a rotatividade de alunos é baixa, o que faz o esforço dos pais na fila, por vezes, não ser recompensado.
Vale ressaltar que as poucas vagas que abrem são destinadas para estudantes que moram perto da escola. Antes do trabalho pedagógico de Wagner entrar em funcionamento, havia muitas vagas disponíveis, mas que começaram a ser ocupadas nos últimos anos.
O diretor se mostra uma figura presente no cotidiano dos alunos. Eles os recebe no portão da escola, todos os dias às 7h da manhã, e participa das atividades oferecidas no espaço, como espetáculos de dança.
Em uma das atividades, Wagner e a vice-diretora fizeram uma apresentação de valsa, caracterizados como os personagens principais de ‘A Bela e a Fera’, para os estudantes e os pais.
Outra ação promovida por Wagner foi aplicar um projeto no qual as atitudes positivas dos alunos rendem pontos e premiações.
Alunos que chegam atrasados ou desrespeitam alguma regra da escola acabam perdendo um ponto na média do bimestre, enquanto os que tiveram um bom desempenho ou fazem uma boa ação são premiados em uma festa.
Fonte: G1