Dobram as mortes entre crianças recrutadas pelo Estado Islâmico
Foram pelo menos 89 casos em apenas um ano; 39% morreram ao detonar explosivos
Por Maria Fernanda Garcia
Um relatório divulgado pela CTC Sentinel, revista do Centro Militar West Point, revela que o recrutamento infantil para linha de frente do grupo extremista Estado Islâmico alcançou níveis alarmantes nos últimos anos. A estimativa é que a taxa de crianças e adolescentes mortos em missões do grupo praticamente dobrou desde janeiro de 2015.
O relatório foi elaborado por pesquisadores da Universidade Estadual da Geórgia, que recolheram e analisaram fotos divulgadas pelo grupo extremista em redes sociais como forma de propaganda. O estudo revelou que 89 crianças morreram entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016.
Os dados revelam também que 60% das crianças têm idades entre 12 e 16 anos, enquanto 6% estão entre os 8 e 12 anos. Mia Bloom, uma das autoras do estudo, afirma: “Não se trata apenas de trazer crianças para suas fileiras e utilizá-las no campo de batalha. O que estão a fazer é trazê-las, doutriná-las, treiná-las, passando muito tempo a incutir-lhes a ideologia jihadista”.
Os resultados do estudo são assustadores: 39% das crianças morreram ao detonar um dispositivo explosivo improvisado contra um determinado alvo, 33% morreram como soldados no terreno em operações de batalhas, 6% enquanto propagandistas alistados em unidade de combate e 4% em ataques suicidas em massa contra civis.
Os 18% restantes foram considerados “inghimasis”, ou seja, combatentes que morrem em operações em que se infiltram e atacam uma posição inimiga com armas automáticas, antes de detonarem um colete suicida.
O estudo realça, ainda, que os dados recolhidos são relativos a estas 89 crianças. Os pesquisadores estimam que existam pelo menos 1.500 crianças na linha de frente do grupo extremista.