Efeito pandemia: casos de falta de remédio subiram 200% no Brasil entre 2019 e 2022
Em levantamento, Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a pandemia de Covid-19 agravou os desafios de acesso e falta de remédio para doenças crônicas; pacientes com câncer, diabetes, condições cardíacas e respiratórias tiveram seus tratamentos interrompidos por falta de medicamentos
Por Redação
A pandemia causada pela Covid-19 agravou as desigualdades no acesso à tratamento de doenças não transmissíveis, é o que aponta o levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS); o Brasil é citado no estudo como um dos países com maior índice de falta de remédio para doenças crônicas.
Entre 2019 e 2022, os casos subiram em mais de 200%. No período analisado, pacientes com câncer, condições cardíacas e respiratórias, diabetes e outras doenças tiveram seus tratamentos interrompidos por falta de medicamentos.
Em uma análise comparativa entre Brasil, Estados Unidos e Austrália, o maior aumento de desabastecimentos ligados à falta de ingredientes ou problemas na produção foi registrado no Brasil. Apesar de estar na sétima posição global em capacidade produtiva, no setor farmacêutico, o país ainda importa 90% das matérias-primas para produção de remédios.
As doenças não-transmissíveis foram responsáveis por cerca de 40 milhões ou 74% de todas as mortes no mundo em 2019, com a maioria dos óbitos em países de rendas baixa e média.
Em nível global, os medicamentos para doenças crônicas são os mais custosos dentre todas as classes terapêuticas. A agência da ONU conclui que é urgente superar os gargalos identificados nas cadeias de produção e distribuição.
De acordo com os dados do levantamento do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, realizado em maio de 2022, 98,5% dos profissionais apontavam falta de remédio nas redes privada e pública de farmácias e estabelecimentos de saúde do estado. Os medicamentos mais em falta eram os antimicrobianos, com relatos de escassez por 93,4% dos farmacêuticos. Os mucolíticos, para aliviar os sintomas de infecções respiratórias, estão em segundo lugar, com 76,5% dos profissionais afirmando escassez desse tipo de produto. Os anti-histamínicos, usados para alergias, foram remédios que faltaram nos locais de trabalho de 68,6% dos profissionais, e os analgésicos, em 60,6%.
Problema dificulta cumprimento do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável número 03 e 10, da Agenda 2030 da ONU, e que dizem respeito à saúde e bem-estar e redução das desigualdades.
Fonte: ONU Notícias