Especialistas que identificaram o coronavírus fazem alerta para o vírus H5N8
Os dois especialistas chineses que alertam para os riscos do vírus H5N8 trabalharam na identificação do novo coronavírus em dezembro de 2019. No seu entendimento, os vírus da gripe aviária podem provocar “pandemias desastrosas” nos humanos
“A propagação mundial dos vírus da gripe aviária H5N8 é um problema de saúde pública”, alertam na revista Science os especialistas que identificaram o novo coronavírus. George Fu Gao é o diretor geral do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças e Weifeng Shi é o diretor do Laboratório de Referência de Doenças Emergentes Infecciosas das Universidades de Shandong.
Os dois trabalharam na identificação do novo coronavírus em dezembro de 2019. No seu entendimento, os vírus da gripe aviária podem provocar “pandemias desastrosas” nos humanos.
Pelo menos 46 países da Europa, Ásia e África declararam surtos letais de H5N8 em aves. Além disso, em 20 de fevereiro de 2021 ,a Rússia alertou que o vírus havia pela primeira vez dado o salto aos humanos. Sete trabalhadores se infectaram em uma gigantesca granja com 900 mil galinhas poedeiras na região de Astracã, no sul do país. Nenhum dos sete teve sintomas.
Os pesquisadores chineses frisam que o vírus dos sete trabalhadores russos pertencia ao subgrupo 2.3.4.4b, com mutações “preocupantes” que parecem aumentar sua afinidade pelas células humanas.
Esta mesma variante do vírus provocou o sacrifício de mais de 20 milhões de aves de granja na Coreia do Sul e Japão, alertam George Fu Gao e Weifeng Shi. “É imperativo que não se ignore a propagação mundial e o risco potencial dos vírus da gripe aviária H5N8 para as aves de granja, as aves silvestres e à saúde pública global”, alertam.
Da mesma forma que o novo coronavírus tem suas espículas características, os vírus da gripe apresentam duas proteínas em sua superfície, a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N), com diferentes subtipos numerados, por isso o nome H5N8.
A virologista María Montoya, do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), lembra que os vírus com H5 saltam de vez em quando das aves às pessoas. O H5N1 provocou centenas de casos em humanos, muitos deles letais, desde sua identificação em Hong Kong em 1997.
Montoya frisa que uma coisa é saltar das aves aos humanos e outra muito diferente é passar de humano a humano. “As vezes que o H5 saltou às pessoas foi bastante devastador, mas, felizmente, a transmissão de humano a humano não foi eficiente”, diz a pesquisadora. “No momento em que surgirem mutações que causem a transmissibilidade de humano a humano, pode ser uma nova pandemia”, alerta.
Fonte: El País