Fake news sobre vacinas levam Brasil a alto risco de volta da poliomielite
Ao longo dos últimos anos, a taxa de vacinação contra a poliomielite tem caído no Brasil e o país já apresenta alto risco de registrar novos casos da doença
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a baixa taxa de vacinação no Brasil representa o perigo da volta da poliomielite, também conhecida como “paralisia infantil”. O país esta há mais de 30 anos sem um caso da doença. Mesmo assim foi para a lista de países que têm alto risco de voltar a registrá-la.
São vários fatores para a baixa taxa de vacinação, mas dois se destacam. Um é que a nova geração não teve contato com pessoas que tiveram a doença e acham que ela está totalmente extinta, o que tornaria a vacina dispensável.
O último paciente com poliomielite no Brasil foi identificado em 1989. Em 1994, nosso país recebeu da Opas o certificado de eliminação da transmissão do vírus causador dessa enfermidade.
Outro fator são as famosas fake news das vacinas, que ainda circulam pelo país e pelo mundo. Muitos pais, acreditando nas teorias dos negacionistas, deixam de vacinar seus filhos.
Na maioria das vezes, a infecção não tem grandes repercussões na saúde. Mas há uma parcela de acometidos, especialmente crianças com menos de cinco anos, que desenvolvem formas bem graves.
Nesses casos, o vírus afeta o sistema nervoso e pode causar uma espécie de fraqueza muscular — daí vem o termo “paralisia infantil”.
Entre 1968 e 1989, o Brasil contabilizou mais de 26 mil casos de poliomielite, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.
Embora existissem projetos municipais e estaduais para vacinação das crianças contra esse vírus, a primeira campanha nacional de imunização contra a poliomielite foi lançada oficialmente em 1980, em consonância com um esforço mundial para a erradicação dessa doença, que está em curso até hoje.
O país, inclusive, foi pioneiro em vários aspectos e lançou algumas estratégias que fizeram muita diferença no engajamento da população, avaliam os especialistas.
A vacina contra a poliomielite segue indicada para todas as crianças brasileiras num esquema de cinco doses. As três primeiras são feitas com o imunizante injetável e devem ser aplicadas aos dois, aos quatro e aos seis meses de vida. Depois, os dois reforços (geralmente feitos com as gotinhas) são dados entre os 15 e os 18 meses e aos 5 anos de idade.
Nos últimos anos, porém, a cobertura vacinal tem deixado a desejar. Segundo os dados do próprio Ministério da Saúde, a taxa de imunizados contra a pólio caiu consideravelmente de 2015 para cá.
Há seis anos, 98,2% do público-alvo recebeu as doses. Em 2016, essa taxa caiu para 84,4% e se manteve nesse patamar até 2019.
Em 2020, uma nova queda importante foi registrada: de acordo com os dados preliminares, que ainda podem passar por alguma revisão técnica, apenas 75,9% receberam as doses contra o vírus causador da paralisia infantil.
Segundo informes divulgados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), além do Brasil, Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname e Venezuela são os países das Américas com alto risco de volta da poliomielite, ao longo do segundo semestre de 2021.
Em outras palavras, uma em cada quatro crianças brasileiras não está suficientemente resguardada contra a poliomielite.
Fonte: BBC Brasil
Vacinação infantil despenca a pior nível em três décadas
28/03/2022 @ 08:15
[…] tétano, coqueluche, hepatite B e hemófilo B), que caiu de 96% para 68% no mesmo período; e a de poliomielite (contra paralisia infantil), que foi de 98% a […]