Filha de negro e indígena, ela lutou contra o preconceito no Brasil
Lélia Gonzalez destacou-se por sua intensa atuação política contra o racismo e o sexismo
Lélia Gonzalez nasceu em Belo Horizonte, no dia 1 de fevereiro de 1935, e foi uma intelectual, política, professora e antropóloga brasileira.
Lélia era filha de um ferroviário negro e de uma empregada doméstica de origem indígena. Era a penúltima de 18 irmãos, entre eles o futebolista Jaime de Almeida, que jogou pelo Flamengo. O pai morreu quando ela ainda era criança. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942.
Graduou-se em História e Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (UEG) e trabalhou como professora da rede pública de ensino.
Fez o mestrado em comunicação social e o doutorado em antropologia política. Começou então a se dedicar a pesquisas sobre relações de gênero e etnia.
Foi professora de Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde chefiou o departamento de Sociologia e Política.
Intelectual e ativista negra, Lélia Gonzalez destaca-se por sua intensa atuação política contra o racismo e o sexismo.
As discussões que propôs sobre questões como relações de raça e gênero no Brasil repercutem em diversos campos do conhecimento, encontrando forte eco nos estudos culturais e na antropologia.
Como professora de Ensino Médio no Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (UEG, atual UERJ), nos difíceis anos finais da década de 1960, fez de suas aulas de Filosofia espaço de resistência e crítica político-social, marcando definitivamente o pensamento e a ação de seus alunos.
Ajudou a fundar instituições como o Movimento Negro Unificado (MNU), o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga e o Olodum.
Sua militância em defesa da mulher negra levou-a ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), no qual atuou de 1985 a 1989.
Foi candidata a deputada federal pelo PT, elegendo-se primeira suplente. Nas eleições seguintes, em 1986, candidatou-se a deputada estadual pelo PDT, novamente elegendo-se suplente.
Autora de livros como ‘Lugar do Negro’ (1982) – escrito com o sociólogo Carlos Hasenbalg (1942-2014) – e ‘Festas populares no Brasil’ (1987), e de diversos artigos, como ‘A importância da organização de mulheres negras no processo de transformação social’ (1980), ‘Por um feminismo afrolatinoamericano’ (1988) e ‘Racismo e Sexismo na Sociedade Brasileira’ (1989), Gonzalez é responsável por uma série de contribuições aos debates acadêmicos e políticos.
No Brasil, é considerada uma das pioneiras na disseminação do debate acadêmico que intersecciona raça e gênero.
As interpretações de Gonzalez impactaram pensadores brasileiros de diversas gerações, como Sueli Carneiro, Luiza Bairros, Djamila Ribeiro e Giovana Xavier.
Lélia morreu no dia 11 de julho de 1994, vítima de um infarto, em sua casa no Cosme Velho, na cidade do Rio de Janeiro.
Entre outras homenagens, Lélia Gonzalez tornou-se nome de uma escola pública estadual no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro, de um centro de referência de cultura negra, em Goiânia, do Centro Acadêmico do curso de Ciências Sociais da USP, e de uma cooperativa cultural em Aracaju.
Além disso, o dramaturgo Márcio Meirelles escreveu e encenou em 2003 a peça teatral ‘Candaces – A reconstrução do fogo’, baseada em sua obra.
Em 2010, o governo da Bahia criou o Prêmio Lélia Gonzalez, para estimular políticas públicas voltadas para as mulheres nos municípios baianos.
Fontes: Enciclopédia de Antropologia, Wikipédia, Brasil de Fato e Nossas Áfricas
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05/03/2020 @ 12:47
[…] programa também teve o quadro ‘Você Conhece?’, que contou a história de Lélia Gonzalez. Intelectual e ativista negra, destacou-se por sua intensa atuação política contra o racismo e o […]
Ronaldo Amaral
22/11/2020 @ 12:37
Parabéns por seu ativismo. Um exemplo para muitos que, segundo suas origens, pode – se lutar sem quebrar, violentar, destruir, ter lucidez e intelecto para conseguir seus ideais…