Fraternidade Irmã Clara acolhe pessoas com deficiência há 40 anos
Na Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, o Observatório do Terceiro Setor divulga o trabalho da Fraternidade Irmã Clara, organização sem fins lucrativos que acolhe pessoas com diagnóstico de paralisia cerebral
Por Iara de Andrade
São 40 anos de existência, 28 deles embaixo do viaduto Pacaembu. A Fraternidade Irmã Clara (FIC), que acolhe pessoas com diagnóstico de paralisia cerebral, de grau médio a grave, nasceu a partir do sonho do casal Dona Zélia e Sr. Gercy, em construir algo para crianças de baixa renda.
Ficaram sabendo de uma instituição em São José dos Campos que estava prestes a fechar as portas com doze atendidos sem contato familiar. E foi assim que tudo começou. Na procura por um espaço, encontraram lugar no Pacaembu em 1982. E depois de 14 anos à frente da Fraternidade, decidiram passar o bastão.
Hoje, a entidade tem sua matriz localizada na Rua do Bosque, Barra Funda. Lá, toda a diretoria é voluntária (Conselhos Deliberativa, Executivo e Fiscal) e muda a cada dois anos. Apoiada na assistência social e no acolhimento institucional, a Fraternidade atende 46 pessoas, entre 10 meses a 52 anos de idade através de um centro de reabilitação com serviços de fisioterapia, fonoaudiologia, musicoterapia, práticas pedagógicas, terapia ocupacional e apoios diversos. Para isso, a instituição dispõe de uma sala sensorial, piscina adaptada e até horta.
Ao longo dos anos, houveram poucas reintegrações familiares dos acolhidos na Fraternidade Irmã Clara, que é quando a família está preparada para receber o ente de volta. O motivo, na maioria das vezes, é a questão financeira. Edilson Oliveira, assistente social da entidade, comenta que as questões de volta ao âmbito familiar e de adoção são bem difíceis para esse público de Pessoas com Deficiência.
“Aqui na FIC são 46 acolhidos, dentre eles, temos, mais ou menos, um número de 10 que estão aqui desde o início. São pessoas que não têm perspectiva de retorno para a família, não possuem família, não têm ninguém. E então, a família é a instituição”.
Pandemia e desafios futuros
Durante a pandemia, as doações caíram e a equipe teve que se reinventar. O Bazar, principal fonte de doação da Fraternidade, foi fechado temporariamente e isso fez com que pensassem em um sistema de rifas para ajudar nos custos.
Além disso, por ser um grupo mais suscetível a contrair doenças, por enquanto, os atendidos só podem ser visitados pelos familiares. Durante o pico da crise sanitária, o contato se deu, muitas vezes, por chamadas de vídeo, ou pela Cortina do Abraço, um modo que criaram para fazer com que os parentes e acolhidos pudessem se ver.
As atividades têm voltado ao normal aos poucos, mas a realidade ainda apresenta alguns desafios.
“Acho que ser humano é ver e ajudar o outro, a se colocar no lugar do outro. Então, acho que essa é a melhor forma para que a gente possa ter um crescimento grande para os nossos acolhidos, que é a doação. Acho que é isso que a gente precisa, porque carinho e amor a gente já tem”, pontua Marília de Castro Monteiro Ronzella, fisioterapeuta da FIC.
A Fraternidade Irmã Clara sobrevive por meio de doações. O FIC Bazar já voltou a funcionar às quartas-feiras, das 9h às 13h e aos sábados, das 9h, às 12h, onde a fundação nasceu, Avenida Pacaembu, nº 40, Barra Funda. Podem ser doados brinquedos, roupas, calçados e acessórios, além de cobertores, móveis, eletrodomésticos e mais. Para saber mais e contribuir com o importante trabalho de acolhimento que essa organização do terceiro setor faz, acesse o site.