Fundo Agbara produzirá dados sobre projetos voltados à população negra
Em busca de promover a filantropia negra no Brasil, o Fundo Agbara irá mapear organizações sociais que atuam com a população negra e combatem a desigualdade racial no país
Da Redação
O Fundo Agbara está criando um núcleo de pesquisas para mapear projetos que atendem a população negra. O objetivo da iniciativa é produzir dados que colaborem para o desenvolvimento de políticas públicas e a promoção da filantropia negra.
Pessoas negras representam 56% da população brasileira, segundo dados do IBGE. Quando se trata do terceiro setor, mais de 74% das pessoas que atuam na linha de frente dos projetos em periferias são pretas ou pardas. No entanto, os recursos não chegam até quem atua na ponta. De acordo com uma pesquisa da Iniciativa Pipa, 46% dos projetos sociais liderados por pessoas negras em periferias possuem menos de R$ 5 mil em recursos anuais.
“Historicamente, no Brasil, as políticas públicas foram construídas com a ausência de dados racializados. A partir do momento que trazemos esses dados, fazemos um mapeamento dessas organizações coordenadas por pessoas negras, damos visibilidade e mostramos onde o recurso pode ser alocado, fomentando o impacto social de fato”, explica Luana Braga, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Memória da Mulher Negra do Fundo Agbara.
FILANTROPIA NEGRA NO BRASIL
O conceito de filantropia negra é um conjunto de ações filantrópicas coordenadas por pessoas negras, com finalidade de apoiar outros negros e promover a equidade racial. O movimento é conhecido e bem consolidado nos Estados Unidos, mas no Brasil, ainda é novo.
Luana explica que isso acontece por diversos motivos, entre eles o processo de colonização e o histórico sociopolítico do Brasil, que se deu de forma completamente diferente dos Estados Unidos.
“Lá existe uma maior quantidade de filantropos negros que estão destinando seu dinheiro para comunidades negras. Aqui no Brasil é uma quantidade muito pequena em comparação aos filantropos brancos. E os que são negros, como artistas e jogadores de futebol, não necessariamente direcionam seus recursos para a equidade racial”, afirma a pesquisadora.
Durante a entrevista para o Observatório, Luana também conta que, muitas vezes, a equipe que gerencia o dinheiro dos filantropos negros e escolhe as causas beneficiadas é composta por pessoas brancas. O cenário de desigualdade racial em lideranças no terceiro setor já foi destacado pelo Censo GIFE 2023, que aponta: 92% dos cargos em conselhos de institutos e fundações empresariais são ocupados por pessoas brancas.
No Brasil, o instituto filantrópico que mais se destaca por atuar exclusivamente no combate à desigualdade racial, contribuindo também para o alcance do ODS 10, é o Fundo Baobá. Criado em 2011, a organização mobiliza recursos no Brasil e no exterior, e os direciona somente para ações e projetos sociais pró-equidade racial.
Isabel Cristina da Silva Massanati
29/03/2024 @ 00:19
Como participar? Aqui temos negros eu sou negra querendo evoluir e não aceitar a sociedade racista queremos inclusao