Garimpo ilegal faz mortes por Covid-19 dispararem em terras indígenas
Relatório inédito produzido por uma rede de pesquisadores e líderes Yanomami e Ye’kwana indica que a pandemia de coronavírus avançou 250% em três meses dentro da Terra Indígena Yanomami. Um em cada três moradores da região pode ter sido contaminado, segundo o documento. A situação é descrita como “total descontrole”.
Considerada a maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami fica entre os estados de Roraima e Amazonas, e em boa parte da fronteira com a Venezuela. Mais de 26,7 mil índios – incluindo grupos isolados – habitam a região em cerca de 360 aldeias.
O número de casos confirmados no território saltou de 335 para 1.202 entre agosto e outubro, conforme o documento intitulado “Xawara: rastros da Covid-19 na Terra Indígena Yanomami e a omissão do Estado“.
Um monitoramento da ONG Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, que integra o relatório divulgado nessa quarta-feira (18), contabiliza 23 mortes, entre confirmados e suspeitos.
Os primeiros casos da doença na região foram registrados em abril na terra Yanomami. No mesmo mês, o adolescente Alvanei Xirixana, de 15 anos, foi a primeira vítima fatal da doença. Ele ficou internado por seis dias no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista.
Até a divulgação do relatório, os casos da doença tinham sido registrados em 23 das 37 regiões da terra indígena. O cenário se agravou muito em razão da presença de garimpeiros na reserva.
Líderes indígenas afirmam que eles são os principais vetores da doença entre o povo. “É o garimpo ilegal que está levando essa nova xawara [doença] para dentro da floresta.”
O garimpo na Terra Yanomani em meio a pandemia do coronavírus pode levar a um terceiro ciclo de genocídio dos povos que vivem no território indígena. A análise é do procurador de justiça de Roraima, Edson Damas, que recebeu denúncias sobre a continuidade de invasão dos garimpeiros no território.
Ainda, um estudo elaborado pelo Instituto Socioambiental (Isa) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que Terra Yanomami é a mais vulnerável ao coronavírus entre as regiões indígenas da Amazônia.
Fonte: G1