Gêmeos que tomaram “kit covid” morrem com 2 dias de diferença
A família confirmou que ambos procuraram ajuda médica, mas, em um primeiro momento, receberam apenas o kit covid, com remédios sem comprovação científica para o tratamento da doença
Os gêmeos Genilton e Jailson Rodrigues, de 47 anos, morreram de Covid-19 com apenas dois dias de diferença, em Ponta-Grossa (PR). O primeiro morreu no último sábado (13/03) e o outro na segunda (15/03). Ao serem diagnosticados com a doença, ambos receberam o “kit covid” como tratamento.
A família confirmou que ambos procuraram ajuda médica, mas, em um primeiro momento, eles receberam o kit covid — que contém uma série de remédios usados para ‘combater’ a covid, mas que não possuem comprovação científica no tratamento, como a azitromicina. Acontece que o estado de saúde deles começou a piorar e logo precisaram ser hospitalizados, em dias diferentes.
“Na segunda-feira (08/03), ele teve dor de cabeça, um pouco de dor no corpo. E na quarta-feira (10/03), ele fez o teste e já deu positivo. Aí já ficou em casa tomando os medicamentos necessários, os remédios básicos para os primeiros sintomas, que é azitromicina, vitamina D, C, zinco e, se desse febre, Novalgina 1 mg”, conta Zenei Pepe Rodrigues, esposa de Genilton, em entrevista ao UOL.
Com sua internação, ele fez um exame de raio-x, que acusou comprometimento do pulmão. Zenei conta que, desde o primeiro dia no hospital, Genilton ficou em um quarto com respirador. Porém, no dia seguinte, seu marido teve uma parada cardíaca durante a madrugada e precisou ser intubado na UTI do Centro Hospitalar São Camilo.
“Ele ficou na UTI até o dia 13 de março, quando veio a entrar em óbito”, conta Zenei. “Foi nessa luta por 28 dias”. Casado há 21 anos, Genilton deixou três filhos — duas gêmeas de 17 e outro de 16. Ele era proprietário de um mercado e uma padaria.
Já seu irmão, Jailson, deu entrada no hospital uma semana depois da internação de Genilton. A primeira luta foi para encontrar um leito disponível. Sem sucesso, ele foi levado para o mesmo hospital particular em que seu irmão estava. “Ele primeiro ficou dois dias no quarto, no respirador, mas não aguentou e já teve que ir para a UTI”, conta a cunhada.
Na sexta-feira (12/03), a família ficou sabendo que a conta hospitalar de Jailson havia batido a marca dos 110 mil reais e que eles já teriam que pagar 40% desse valor, relembra Zenei. Para ajudar nos custos, uma vizinha chegou a criar uma vaquinha e a esposa de Jailson vendeu o carro do marido para ajudar na arrecadação.
Fonte: UOL