Guia ensina a dialogar com criança vítima de violência sexual
Publicação foi produzida pela Childhood Brasil, a Unicef e a Universidade Católica de Brasília
O abuso sexual é o segundo tipo de violência mais comum contra crianças e adolescentes até 14 anos e o terceiro mais frequente contra pessoas de 15 a 19 anos. Isso significa que todos os dias agentes dos tribunais precisam ouvir depoimentos de vítimas desse tipo de agressão. Um trabalho duro e que requer uma série de cuidados, para não se tornar um trauma à parte para o depoente. Tentando ensinar esses profissionais sobre qual a melhor forma de conduzir os depoimentos, foi publicado o livro-guia ‘Escuta de crianças e adolescentes em situação de violência sexual’.
A obra foi elaborada pela ONG Childhood Brasil, com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e editorada pela Universidade Católica de Brasília (UCB). Ao todo, foram três anos de trabalho até a publicação, em um projeto que contou com a colaboração de mais de vinte autores, entre juízes, psicólogos, assistentes sociais, professores e outros profissionais da área da infância e da adolescência.
O guia é dividido em 20 capítulos e aborda desde procedimentos que devem ser seguidos para garantir maior respeito e dignidade às crianças e aos jovens durante o depoimento até os serviços oferecidos pela rede de proteção a essas vítimas. Além disso, há informações que podem ser úteis diretamente não só para quem trabalha nos tribunais, mas também para pais, professores e outras pessoas que tenham contato com menores. É o caso da lista de possíveis sinais de que a criança ou adolescente sofreu abusos. Ela abrange desde pistas sexuais, como o fato de a criança começar a desenhar órgãos genitais além do esperado para sua idade ou a perguntar frequentemente por métodos contraceptivos, passando por pistas gerais, como perturbação de sono e medo de ambientes fechados, até sinais subjetivos, como atitudes perversas e depressão.
A obra foi distribuída no final do ano passado aos 27 Tribunais de Justiça (TJs) do país, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e pode ser baixada gratuitamente pela internet.