Infectados e mortos por Covid-19 disparam entre povos indígenas no Brasil
De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), país já teve mais de 45 mil casos de Covid-19 e mais de 900 mortes pela doença entre indígenas. Novo coronavírus circula por comunidades de 161 povos
Parece que a história de cinco séculos atrás, quando os colonizadores chegaram ao Brasil trazendo doenças que quase exterminaram os indígenas, está se repetindo.
O primeiro caso confirmado de contaminação por Covid-19 entre indígenas brasileiros foi de uma jovem de 20 anos do povo Kokama, no dia 25 de março, no município amazonense Santo Antônio do Içá.
A jovem foi contaminada por um médico de São Paulo que viajou a serviço da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e estava com o novo coronavírus, mas não sabia. Hoje os Kokama são os indígenas mais afetados pela Covid-19.
Dados atualizados do site Emergência Indígena, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), mostram que o total de casos confirmados de Covid-19 entre indígenas chegou a 45.297, enquanto o de óbitos é de 920.
O levantamento feito pela entidade revela que o novo coronavírus circula entre comunidades de 161 povos.
A coordenadora do Grupo Temático Saúde Indígena, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Ana Lucia Pontes, comentou os critérios de notificação durante a pandemia. Para a pesquisadora, o governo tem falhado ao fornecer informações pelo Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi).
Com a lacuna, a Sesai deixa de indicar, por exemplo, quais são os povos atingidos pela pandemia, o que prejudica o direcionamento de ações do poder público que possam atender a demandas singulares de indígenas, que são distintas das de não indígenas.
Pela contagem do Ministério da Saúde, foram registrados, 39.400 casos confirmados da doença. O governo federal contabiliza 523 óbitos.
A diferença entre os números apresentados pelo governo federal e a Apib resulta dos critérios adotados por cada um deles. O Ministério da Saúde não contabiliza as contaminações pelo novo coronavírus entre indígenas não aldeados e que vivem em contexto urbano.
“Indígenas em terras não homologadas ou em área urbana acabam ficando fora das políticas indigenistas, como o subsistema [Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS)]. Aí, no caso da contagem dos casos, acontece isso. Como o restante da rede SUS [Sistema Único de Saúde] não tem uma sensibilização, e, apesar de já ser obrigado a se identificar a variável cor/raça desde 2017, na ficha de Covid-19 não foi colocada essa variável. Isso gerou um problema e, claramente, a gente estava tendo uma questão de subnotificação”, afirma a coordenadora.
Fontes: Saúde Indígena/ Ministério da Saúde, Agência Brasil e Emergência Indígena
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