Instituto Alana leva debate sobre crianças à COP-27
Em entrevista ao Observatório, a representante de Relações Internacionais do Alana, Laís Fleury, destacou a importância de levar os direitos das crianças para o centro do debate.
Por Ana Clara Godoi
O Instituto Alana, organização brasileira que atua em prol da defesa dos direitos das crianças e adolescentes, está participando da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, a COP 27. O principal objetivo da entidade é levar a pauta das crianças para o centro da discussão e garantir a inclusão dessa demanda nas negociações.
A COP 27 teve início no dia 6 de novembro, em Sharm el-Sheikh, no Egito. Realizado anualmente pela ONU, o evento reúne representantes de todo o globo para discutir políticas universais que possam amenizar os impactos das mudanças climáticas. Visto que as crianças são um dos grupos mais afetados pelas mudanças climáticas, o Instituto Alana foi ao Egito participar da Conferência.
Em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor, a representante de Relações Internacionais do Alana, Laís Fleury, destacou a contribuição da organização na COP27.
“A grande contribuição do Instituto Alana é se juntar ao movimento Children First Climate Movement (Movimento Climático Crianças em Primeiro Lugar), que é um grupo de organizações que trabalham na área da infância e do meio ambiente. Nosso objetivo é trazer a pauta dos direitos das crianças para o centro das negociações sobre mudanças climáticas na COP, dar luz à importância de proteger as crianças nesse cenário”.
Laís explica que as crianças devem ser prioridade no desenvolvimento de políticas públicas que combatem as mudanças climáticas, pois fazem parte das futuras gerações que vão herdar um planeta em desequilíbrio. “Quando pensamos na seca, na falta de comida e nos desastres ambientais, as crianças, por estarem em um processo de desenvolvimento muito peculiar, acabam sendo mais suscetíveis aos impactos e isso prejudica o resto da vida delas”.
Uma das principais medidas que podem ser tomadas dentro da perspectiva dos direitos das crianças, segundo Laís, é o apoio ao Children Action Plan, um movimento que propõe a integração massiva e sistêmica dos direitos das crianças nas negociações climáticas. Além disso, a representante destaca a inclusão das crianças nos mecanismos de financiamento climático, adaptação, perdas e danos; promoção da equidade de gênero; defesa dos direitos de infâncias indígenas e comunidades tradicionais.
Alinhadas à pauta infantil, as organizações que participam da COP27 têm foco na defesa dos direitos das crianças do sul global – crianças de comunidades indígenas e quilombolas que vivem nos países onde o impacto das mudanças climáticas são mais severos.
Organizações brasileiras na COP27
O Instituto Alana não é a única organização brasileira presente na COP27. De acordo com Laís, a sociedade civil tem protagonizado o evento, pressionando autoridades para que as decisões consigam honrar a urgência da crise climática.
“Com a ausência do Governo Federal, a sociedade civil acabou tomando um papel muito importante dentro dessa luta das mudanças climáticas. Esse vazio acabou abrindo um espaço muito grande para a sociedade civil e para a iniciativa privada. Aqui a gente vê movimentos de mães, dos povos indígenas, das mulheres negras”.