Instituto Jô Clemente promove inclusão profissional para pessoas com deficiência
Com a metodologia do Emprego Apoiado, o Instituto Jô Clemente (IJC) incluiu mais de 4.000 pessoas com deficiência intelectual e Transtorno do Espectro Autista (TEA) no mercado de trabalho desde 2013
Por Ana Clara Godoi
Dia 1° de maio é uma data para debater os direitos dos trabalhadores, afinal, o trabalho é um direito de todos. No entanto, muitas pessoas enfrentam barreiras e preconceitos na tentativa de conseguir uma oportunidade de emprego. Um público que historicamente sofre com essa questão são as pessoas com deficiência.
Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019 e divulgada em agosto de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma a cada quatro pessoas com deficiência com 14 anos ou mais estão desocupadas – o que representa mais do que o dobro dos desocupados sem deficiência. Quando se trata de deficiência intelectual, os números são ainda mais preocupantes. Em relação ao estoque de empregos por tipo de deficiência, os trabalhadores com deficiência intelectual ocupam o último lugar do público contratado (9,23%), antecedidos por aqueles com deficiência visual (16,68%), auditiva (17,89%) e física (44,46%).
Desde 1991, existe no Brasil a Lei nº 8.213, conhecida como Lei de Cotas, que determina que toda empresa com 100 ou mais funcionários é obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com pessoas com deficiência. Recentemente, em março, o estado de São Paulo oficializou a Política Estadual de Trabalho com Apoio, buscando ampliar as condições e as oportunidades de empregabilidade para as pessoas com limitações permanentes ou duradouras.
“A inclusão de pessoas com deficiência no mundo do trabalho ainda é um desafio marcado por barreiras e preconceitos. É claro que os avanços na legislação são importantes, mas é fundamental ter fiscalização. No caso da Lei de Cotas, apenas em 2001, aproximadamente 10 anos depois da criação da lei, iniciaram-se as fiscalizações e aplicações de multas”, analisa Victor Martinez, supervisor do Serviço de Inclusão Profissional e Longevidade do Instituto Jô Clemente (IJC).
Diante desse cenário, o IJC tem na inclusão profissional uma de suas principais áreas de atuação. Desde 2013, foi adotado pela Organização o uso da metodologia do Emprego Apoiado, utilizada em diversos países, na qual jovens e adultos com deficiência são incluídos e recebem apoio técnico no próprio local de trabalho por pelo menos 12 meses. Com isso, pessoas que historicamente encontravam dificuldades para o trabalho recebem o suporte necessário para sua efetiva inclusão e permanência no emprego. Desde então, o IJC já realizou mais de quatro mil inclusões profissionais de pessoas com deficiência. Apenas em 2022 foram 517em empresas e instituições públicas parceiras do Instituto em 13 cidades de sete estados brasileiros (São Paulo, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná e Pernambuco).
A iniciativa contribui para o alcance dos ODS 8 e 10 da Agenda 2030 da ONU, metas que promovem o crescimento econômico e a redução das desigualdades