Instituto ReUrbi: inclusão sociodigital para um mundo mais humanitário

Alinhada aos propósitos do Dia Mundial Humanitário da ONU, a Recicladora Urbana (ReUrbi) combate a desigualdade social a partir de projetos de inclusão sociodigital que visam a educação ambiental e a qualificação em tecnologia da informação, aumentando as oportunidades para empregabilidade

Por Iara de Andrade

Em 19 de agosto de 2003, a sede da Organização das Nações Unidas em Bagdá, Iraque, sofreu um ataque que deixou 22 funcionários e funcionárias mortos. A partir do trágico evento, a organização instituiu o Dia Mundial Humanitário, ou Dia Mundial de Trabalhadores e Trabalhadoras Humanitárias.

A data foi pensada para homenagear o trabalho dos voluntários e divulgar as ações humanitárias realizadas por organizações e pessoas de todo o mundo. Como parte ativa da campanha global para melhorar a humanidade está o Instituto ReUrbi de Inclusão Sociodigital (IRIS), uma associação civil que oferece apoio a projetos de inclusão, tendo como missão a democratização do acesso digital e inclusão de jovens de todo o país.

O Instituto foi criado como um braço da ReUrbi (Recicladora Urbana) que, através da logística reversa no descarte de equipamento de TI e Telecom de clientes e parceiros, possibilita a doação em comodato de equipamentos seminovos de TI para projetos sociais de Organizações do Terceiro Setor, buscando a inclusão sociodigital e abrindo um mundo de oportunidades para a transformação na vida das pessoas.

A empresa ReUrbi, que já nasceu com o DNA de promover e inclusão sociodigital, agora, com o Instituto ReUrbi, acredita que Organizações do Terceiro Setor são a base para a construção de uma sociedade mais justa e humanitária. Desde sua criação, o Instituto tem mais de 130 projetos sociais e 1.600 equipamentos de TI Remakker doados em comodato; e tem como objetivo, até o final de 2022, chegar a 160 Projetos de Inclusão Sociodigital, aumentando os atuais 63 mil jovens atendidos para 117 mil.

Missão Intensidade

Durante a pandemia, a ReUrbi manteve seu trabalho social. Um dos projetos atendidos pela empresa ao longo de 2020 foi a Missão Intensidade, iniciativa que atua com foco no acesso à cultura, artes, educação e esportes a crianças, jovens e adultos e na formação profissional para jovens que buscam empregabilidade do Bairro do Novo Horizonte, em Mogi das Cruzes.

Rodrigo de Souza, fundador e diretor executivo da Missão, contou que, antes da crise sanitária, já havia a necessidade em dar um foco tecnológico ao núcleo buscando a qualificação profissional da entidade:

“Com a chegada da pandemia, mais do que nunca, entendemos que o mundo é tech e a periferia precisava ser também; se não reduzirmos a desigualdade digital não vamos reduzir a desigualdade social. Fomos atrás de alguns parceiros e financiamos a compra de 12 notebooks na Reset (Loja da Reurbi) e eles deram mais um de presente para a gente. Ali na relação, e em todo processo de compra, eles foram muito humanos. E, algumas semanas depois, entramos no radar de doação deles e recebemos mais 16 desktops”.

Hoje, a organização possui 29 máquinas advindas da parceria com a ReUrbi, inaugurou a sala de T.I. no final do ano passado e já está no seu terceiro ciclo de formação, para além dos cursos esporádicos. Desde então, já foram 183 formados no curso de tecnologia. Somente no primeiro semestre de 2022, foram atendidos 245 alunos.

“Nossa expectativa é criar uma cultura digital na favela, oferecer educação tecnológica e consequentemente aumentar a empregabilidade, reduzindo assim a desigualdade social e erradicando a pobreza”.

Quem não está incluído digitalmente, não existe

Uma das parcerias mais antigas da Reurbi é com a RECODE, organização do Terceiro Setor que, a partir de cursos de capacitação em TI, utiliza da tecnologia como metodologia para promover a inclusão e o empoderamento digital de jovens em situação de vulnerabilidade, gerando oportunidades de desenvolvimento, empregabilidade, retorno aos estudos e acesso ao universo do empreendedorismo para todos e todas.

Essa união já dura nove anos e impactou positivamente a vida de milhares de pessoas: até o primeiro semestre de 2022, foram coletadas 326,66 toneladas de equipamentos eletrônicos de TI e Telecomunicações, com impacto ambiental na redução de emissão de 618.316 kg de gases do efeito estufa ( GHG) e 3.851 kg de metais tóxicos.

Segundo relatório da Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais, 150 mil das 420 mil vagas criadas pelo mercado de TI, até o ano de 2024, não preenchidas por falta de pessoas qualificadas. De acordo com a organização, o Brasil possui um déficit anual de 24 mil especialistas da área de tecnologia.

Dos alunos formados no ciclo de 2020 a 2021 no Projeto de Formação Profissional da RECODE, 80% estão empregados. Em 2019, 90% dos alunos estavam inseridos no mercado de trabalho após nove meses da formatura.

Um pequeno exemplo do que pode melhorar

Em junho deste ano, o Senado aprovou, de forma unânime, a Proposta de Emenda à Constituição que acrescenta a inclusão digital entre os direitos e garantias fundamentais a brasileiros e residentes do país.

De acordo com o que diz a pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no Brasil (TIC Domicílios): 17% dos lares do país não têm acesso à internet. A maior parte das residências desatendidas possuem famílias das classes D e E, que sobrevivem com renda de até um salário mínimo.

A aprovação da PEC pelo Senado, que agora tramita na Câmara Federal, garantirá à sociedade cobrar os deveres do poder público em promover políticas públicas para a ampliação do acesso à internet e, consequentemente, a inclusão digital.

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Este conteúdo foi produzido por meio de uma parceria entre o Observatório do Terceiro Setor com a ReUrbi – Recicladora Urbana.