Jovens presos por tráfico de drogas começaram a trabalhar antes dos 14
Pesquisa entrevistou jovens cumprindo medidas socioeducativas por tráfico de drogas no Rio de Janeiro, para entender o que os levou para o mundo do crime. Metade dos entrevistados começou a trabalhar antes dos 14 anos para ajudar no sustento da casa
Por: Isabela Alves
Metade dos jovens que são apreendidos por atos análogos ao tráfico de drogas e que estão cumprindo a medida de internação no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), no Rio de Janeiro, usava o dinheiro para ajudar nas despesas de casa e começou a trabalhar antes dos 14 anos.
A informação foi divulgada na pesquisa ‘Ganhar a vida, perder a liberdade: trabalho, tráfico e sistema socioeducativo’, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC). Para o levantamento, foram entrevistados 100 jovens.
41 dos jovens começaram a trabalhar com menos de 14 anos de idade e 11 começaram com menos de 12 anos. A jornada de trabalho deles era de 12 horas por dia, com a remuneração de R$ 3 a R$ 10 por hora. 85 deles começaram trabalhando em atividades legais, sendo que as únicas oportunidades de trabalho que tinham eram no lava-jato, ajudante de pedreiro e vendedor ambulante.
Dois terços dos entrevistados tentaram abandonar o tráfico de drogas, porém, a falta de emprego, dinheiro e a necessidade de ajudar a família fizeram com que 56 deles voltassem para essa vida.
A maioria dos jovens que estão no Degase não cometeu atos de violência, sendo que 25 detidos tinham porte de arma de fogo e 39 foram pegos com drogas.
A pesquisa ainda abordou a relação dos jovens com a escola e o relacionamento familiar: 86 deles não haviam concluído o ensino fundamental, enquanto 59 tiveram algum familiar preso e 39 vivenciaram assassinatos na família.
Os direitos destes adolescentes também foram infligidos durante as abordagens policiais: 70 tiveram seus pertences roubados e foram agredidos pela polícia, enquanto 22 foram extorquidos e 35 foram feridos, sendo que 7 foram atingidos por tiros. Apenas 22 tinham sido apreendidos pela primeira vez e, em média, os adolescentes demoraram 23 dias para serem apresentados a um juiz.
Em resposta à pesquisa, o Degase informou que todos os adolescentes que frequentam a instituição são levados à escola. Aqueles que se recusam são atendidos por uma equipe multidisciplinar que os ensina a importância da escolarização.
Eles também oferecem cursos profissionalizantes, oficinas de leituras, horta orgânica e sustentabilidade, oficina de cartas e fortalecimento de vínculos e ressignificação de valores sociais e familiares.
Fonte: Agência Brasil
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14/04/2021 @ 22:28
Triste realidade. Perdemos nossos jovens para o tráfico e para a dependência química.